"Hoje atingimos os dois milhões de inoculações. Cerca de 15% já tem uma inoculação e 6% vai atingir muito rapidamente a segunda inoculação", revelou o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, na conferência de imprensa realizada na sede do Infarmed em que foi divulgada a recomendação da administração da vacina da AstraZeneca em pessoas acima dos 60 anos.
De acordo com o coordenador da task force, foram já administradas em Portugal cerca de 400 mil vacinas da AstraZeneca, existindo ainda "cerca de 200 mil de reserva".
Entre os números referidos pelo responsável pelo processo nacional de vacinação contra a covid-19, sobressaíram também os "1,9 milhões de doses para inocular" durante este mês. Já no quadro do segundo trimestre, a disponibilidade de doses de vacina vai ascender a 8,8 milhões, caso se confirmem os planos de aquisição previstos.
Henrique Gouveia e Melo clarificou ainda o peso da vacina da AstraZeneca nestas contas, ao adiantar que representam somente 1,4 milhões dos 8,8 milhões de doses previstos para esse período, mas recusou um impacto significativo com a limitação etária hoje introduzida.
"Como no segundo trimestre estamos a vacinar em grande parte a população acima de 60 anos, não vai haver nenhum impacto no ritmo nem no plano de vacinação. O nosso plano consegue ajustar-se a esta recomendação sem impactos", frisou, descartando também neste momento um problema de eventuais recusas das pessoas em relação a esta vacina.
"As vacinas são seguras e eficazes. Nós cumprimos com as regras da Direção-Geral da Saúde; as pessoas não podem estar a escolher as vacinas, porque isso seria muito complexo, injusto e poderia perturbar o plano" (Gouveia e Melo)
Vários países decidiram, também, traçar limites e não administrar a vacina da AstraZeneca abaixo de certas idades por uma questão de segurança: 30 anos no Reino Unido, 55 anos em França, Bélgica e Canadá, 60 anos na Alemanha, Itália e nos Países Baixos ou 65 anos na Suécia e na Finlândia.
Na quarta-feira, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) indicou uma "possível ligação" entre a vacina da farmacêutica AstraZeneca e "casos muito raros" de formação de coágulos sanguíneos, mas insistiu nos benefícios do fármaco face aos riscos de efeitos secundários, dada a gravidade da pandemia.
No mesmo dia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que essa ligação é "plausível, mas não confirmada", considerando que são necessários estudos especializados.
Em Portugal, morreram 16.899 pessoas dos 825.633 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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