Numa nota enviada à agência Lusa, a Câmara de Mangualde informa que se "associa às cerimónias fúnebres de homenagem" a Jorge Coelho que estará a partir das 19:00 de hoje na Basílica da Estrela, em Lisboa.
Assim, depois da uma missa agendada para as 08:30 de sábado, ainda na Basílica da Estrela, o cortejo fúnebre parte para Mangualde, no distrito de Viseu, onde é aguardado a partir das 13:30.
"Face às restrições impostas pela pandemia da covid-19, quem pretender prestar uma última homenagem ao Dr. Jorge Coelho, poderá fazê-lo estando presente ao longo do percurso" por onde passa o cortejo, adianta a nota, com o "objetivo de evitar aglomerações num único local".
A Câmara apela ainda ao "cumprindo todas as orientações da Direção-Geral de Saúde e da Autoridade de Saúde Local, nomeadamente o distanciamento social e uso de máscara, permitindo assim que os mangualdenses possam, ainda assim, despedir-se e prestar uma última homenagem" ao antigo governante.
Neste sentido, o município informa que o cortejo parte da Rotunda 2 Cavalos em direção à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, Avenida Conde D. Henrique e Avenida Montes Hermínios, no centro da cidade.
Aqui, refere o documento, haverá um momento simbólico de um minuto de silêncio no Largo Dr. Couto, onde fica situada a sede da Câmara Municipal de Mangualde, e onde estarão as entidades oficiais.
O cortejo segue depois em direção a Santiago de Cassurrães, freguesia Natal de Jorge Coelho e dará a volta pelas localidades de Contenças de Baixo, Contenças Gare, Casal Mundinho e Santiago de Cassurrães, onde ficará depositado no jazigo de família, em cerimónias reservadas à família.
Jorge Paulo Sacadura Almeida Coelho, ministro nos dois governos liderados por António Guterres (1995/2002), faleceu aos 66 anos, na Figueira da Foz, vítima de ataque cardíaco fulminante.
Jorge Coelho iniciou-se na atividade política pela extrema-esquerda, tendo militado em movimentos como os Comités Comunistas Revolucionários Marxistas-Leninistas (CCR-ML) e Partido Comunista Reconstruído PC(R), que mais tarde deu origem à formação da UDP (União Democrática Popular).
Filiou-se no PS em 1983, esteve em Macau entre 1986 e 1991 e, no início da década de 90, iniciou uma intensa colaboração política com António Guterres, que chegou ao cargo de secretário-geral dos socialistas em janeiro de 1992.
O conhecimento das estruturas do PS valeu a Jorge Coelho a designação de "homem da máquina" ou "homem do aparelho". Na sequência do triunfo do PS nas eleições legislativas de 1995, foi ministro Adjunto, da Administração Interna e, depois, da Presidência e do Equipamento Social até 2001.
Há 20 anos, após a queda da ponte de Entre-os-Rios, na noite de 04 de março de 2001, onde morreram 59 pessoas, Jorge Coelho assumiu as responsabilidades políticas pelo sucedido e - num gesto raro na política portuguesa - demitiu-se de imediato de ministro da Presidência e do Equipamento Social, com a tutela sobre as pontes, numa conferência de imprensa realizada madrugada dentro.
Jorge Coelho esteve na primeira linha da campanha socialista para as legislativas de 2005, em que José Sócrates alcançou para o PS a primeira e única maioria absoluta, mas não integrou o Governo que resultou desse ato eleitoral, nem permaneceu como deputado na Assembleia da República.
Depois disso, afastou-se da política ativa para se dedicar à vida empresarial e, anos mais tarde, foi presidente da Comissão Executiva da Mota-Engil (2008/2013), que deixou depois para abrir uma fábrica de queijo, na sua terra natal, Mangualde, a Queijaria Vale da Serra.
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