"As jornadas são uma organização da Igreja Católica por iniciativa do papa para os jovens e quereríamos muito que não fossem apenas jovens católicos, mas que fossem outros, porque assim é que a Igreja cumpre a sua missão e que também tem alguma coisa para trazer e para levar aos jovens de todo o mundo", afirmou José Ornelas.
O também bispo de Setúbal falava em Fátima, no concelho de Ourém, numa conferência de imprensa, após mais uma Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
José Ornelas reiterou que "as jornadas da juventude não são, simplesmente, para os católicos, são organizadas pelos católicos".
"E uma coisa que se quer é, precisamente, o que se está a dizer aos jovens 'tragam lá os amigos e amigas que são jovens', com os quais nós queremos estar em diálogo, abertura e acolhimento, independentemente também da religião", declarou.
O bispo referiu que na última Jornada Mundial da Juventude, no Panamá, houve, por exemplo, organizações judias e muçulmanas que fizeram questão de dizer que queriam receber jovens.
"A Igreja não é uma instituição fechada, que faz um congresso pessoal dos seus inscritos. É evidente que se parte daí, mas isto é para ser uma jornada da juventude e para a juventude, e de anúncio e proposta à juventude, não pode ser de outro jeito", insistiu.
A JMJ é o maior evento organizado pela Igreja Católica. O anúncio da escolha de Lisboa para receber a JMJ foi feito em 27 de janeiro de 2019, na Cidade do Panamá.
Inicialmente prevista para agosto de 2022, a pandemia de covid-19 determinou o adiamento da JMJ um ano.
O presidente da CEP salientou que passar a próxima edição da JMJ de 2022 para 2023 foi uma "medida realista".
"[A JMJ] significa uma capacidade de mobilização no mundo inteiro, significa também que se é para termos uma razoável concentração de jovens - que isso é o fundamental - termos já condições de viajar em segurança e de estar juntos em segurança e depois significa, também, motivar as pessoas aqui e encontrar a logística necessária", adiantou.
O prelado ressalvou que toda a logística que está a ser pensada para a edição de Lisboa "está sempre com um condicionamento que tem a ver com a situação pandémica", o que "exige uma programação muito mais maleável e com capacidade de se adaptar às circunstâncias".
Questionado sobre a possibilidade de um novo adiamento da JMJ, José Ornelas respondeu: "Não podemos excluir nada".
Portugal será o segundo país lusófono, depois do Brasil, a acolher uma Jornada Mundial da Juventude, criada em 1985 pelo papa João Paulo II (1920-2005).
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