A Associação Portuguesa de Telemedicina (APT) e duas investigadoras realizaram um estudo sobre a utilização da teleconsulta no Serviço Nacional de Saúde (SNS) durante a pandemia da Covid-19.
As conclusões já foram divulgadas e verifica-se que, entre julho e setembro do ano passado, 94% dos médicos com funções no SNS recorreram à teleconsulta. Quase todos os profissionais usaram o telefone e apenas 8% disse ter recorrido à videochamada.
"Estes números mostram a falta de adaptação prévia e a necessidade de resolver um problema premente - que era assegurar consultas aos doentes - e daí o uso do telefone nesta fase", explicou a médica investigadora do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental Catarina O’Neill, em declarações à RTP.
O estudo revela também que, na generalidade, a teleconsulta foi uma experiência positiva, sendo que 50% dos inquiridos mostraram-se satisfeitos ou muito satisfeitos, ainda que tenham havido dificuldades técnicas e clínicas.
Sobre estas dificuldades referentes à observação médica, a investigadora sublinhou que o maior problema da consulta via chamada telefónica prende-se com a incapacidade de realização de um exame objetivo por parte do profissional de saúde.
"[Também se regista] Alguma dificuldade de perceção do estado clínico do doente e alguma dificuldade de comunicação", acrescentou.
Apesar dos obstáculos, as teleconsultas podem ter vindo para ficar, sobretudo no que diz respeito às consultas de seguimento, sendo que 70% dos inquiridos afirmaram que gostariam de realizar neste formato à distância, não a primeira consulta, mas as que se seguem.
Para que as teleconsultas sejam viáveis e seguras, Catarina O’Neill denotou ainda que é preciso criar condições, nomeadamente, "em termos de infraestruturas, de meios audiovisuais e também de regulamentação".
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