"Vamos esperar para ver o que o Governo decidiu na sequência da não renovação do Estado de Emergência, mas também - daquilo que eu tornei claro - da necessidade de manter uma mesma atitude de precaução, prudência e contenção porque o vírus não desapareceu, a pandemia não terminou", disse hoje o Presidente da República em declarações aos jornalistas no dia em que o Governo anunciará de que forma o país vai avançar no plano de desconfinamento.
"Tudo devemos fazer para não termos retrocessos, [um] regresso ao passado que bem conhecemos", vincou Marcelo Rebelo de Sousa, à margem da cerimónia de entrega do Prémio BIAL Medicina Clínica 2020, em Lisboa.
"Até porque", completou, "a expressão muito viva e dolorosa desse passado foi recente".
Sem querer antecipar-se àquilo que é o exercício do Governo sobre a possível adoção das medidas de desconfinamento já este fim de semana, o chefe de Estado disse que conta com a mesma disciplina dos portugueses".
"Os portugueses revelaram coragem e disciplina nestes meses muito difíceis. Conto com a mesma coragem, com a mesma resistência e a mesma disciplina" no decorrer do processo de desconfinamento gradual, reforçou o Presidente. "Como todos os processos graduais tem que ser vivido com sensatez e com prudência".
Marcelo lembrou a experiência de ano e meio dos portugueses que passaram por uma fase "muito difícil" depois de um primeiro desconfinamento, com o agravamento da situação mais tarde e depois dos "meses muito difíceis deste ano". "Não é uma memória muito longínqua, não estão a recordar a experiência de há 10, 20 ou 30 anos (...) Sabendo isso não deixarão de manter uma atitude de bom senso, precaução e disciplina".
Questionado sobre a transferência de responsabilidade na condução do combate à pandemia para o Governo, uma vez que não compete ao Presidente decidir sobre a situação de calamidade (e outros níveis de alerta), Marcelo notou que "a responsabilidade está onde sempre esteve: sobretudo nas mãos dos portugueses".
O Presidente, que não fez qualquer comentário em concreto sobre aquilo que o Governo está a deliberar, nomeadamente sobre a reabertura de fronteiras, preferiu reforçar que o "fim do Estado de Emergência não é o fim da responsabilidade dos portugueses" nem é "o fim da pandemia".
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