Ao longo destes três anos, os 24 alunos desta turma já tiveram sete professores, na sequência de sucessivas substituições devido a pedidos de baixas médicas por parte dos mesmos, contou à Lusa a mãe de um aluno Célia Machado, concentrada à porta deste estabelecimento de ensino.
No 1.º ano, a professora titular ficou de baixa e, depois de meses sem ser substituída, veio uma nova e, a seguir a esta, uma outra, referiu.
"Só no primeiro ano, foram três professores que os meninos tiveram", afirmou.
No 2.º ano a situação repetiu-se com a docente titular a colocar atestado médico, o que levou os alunos a serem acompanhados por uma professora de coadjuvação, salientou.
Atualmente, e estando estes agora no 3.º ano, aconteceu novamente o mesmo, contou.
Contactado pela Lusa, o Ministério da Educação adiantou que, de acordo com a direção da escola, após situações de baixas médicas e recusas do horário, o lugar está novamente a concurso para colocação de docente, sendo que a publicação das listas de novas colocações ocorrerá na sexta-feira.
"Todavia, a escola tem diligenciado para que o horário letivo da turma tenha sido sempre assegurado através da afetação de docentes que se encontravam em coadjuvação, o que continua a suceder", reforçou.
Por seu lado, o diretor do Agrupamento de Escolas Eng.º Fernando Pinto de Oliveira revelou que esta situação se deve ao facto dos professores titulares ficarem doentes e ser necessário substituí-los.
Falando numa situação "desesperante", Célia Machado revelou que há crianças que ainda não sabem ler, nem fazer contas, competências que já deveriam ter adquirido.
A Escola Básica da Praia, em Leça da Palmeira, Matosinhos, distrito do Porto, tem cinco turmas, nomeadamente uma do pré-escolar e as restantes do 1.º, 2.º e 3.º e 4.º anos.
Célia Machado comentou ainda que há crianças a terem explicações e que este "constante entra e sai de professores" lhes vai deixar "danos irremediáveis".
Por tudo isto, os pais pedem "soluções radicais para situações dramáticas como estas", nomeadamente "uma medida excecional" para resolver a situação.
Dizendo estar em causa o "superior interesse das crianças", Mário Maganinho, pai de um aluno, revelou que existem seis crianças a ter acompanhamento psicológico, fruto desta situação.
Durante os períodos em que estão sem professora, aguardando que a mesma seja substituída, os alunos são acompanhados por auxiliares de educação que, apesar de se esforçarem, nem têm as competências de um professor, sublinhou.
Neste momento, e estando as crianças sem professora, nem mesmo de coadjuvação, as únicas disciplinas que têm é inglês e educação física, integradas nas Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), frisou.
Já Paulo Sampaio, pai de uma aluna com dislexia, comentou à Lusa que a filha tem explicações particulares desde o 1.º ano, ou seja, desde os seis anos, algo que considera "lamentável".
"Há alunos desta turma [3.º ano] que estão ao nível de alunos de um 2.º ano, o que é frustrante", ressalvou.
Igualmente indignada estava Sofia Morango que, desde o primeiro ano, vê a filha ter acompanhamento psicológico "em resultado de tudo isto", revelou.
Questionados sobre o porquê de não mudarem os filhos de escola, os pais são unânimes em dizer que a mesma fica na sua área de residência e que transferi-los lhes traria implicações psicológicas porque, certamente, não estariam ao nível dos alunos das turmas onde fossem colocados.
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