Pais pedem solução para turma com sete professores em 3 anos

Um grupo de pais de alunos do 3.º ano da Escola Básica da Praia, em Matosinhos, pediu hoje uma "solução urgente" para a "constante substituição de professores" na turma que, em três anos, já teve sete docentes.

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Lusa
12/05/2021 21:36 ‧ 12/05/2021 por Lusa

País

Matosinhos

Ao longo destes três anos, os 24 alunos desta turma já tiveram sete professores, na sequência de sucessivas substituições devido a pedidos de baixas médicas por parte dos mesmos, contou à Lusa a mãe de um aluno Célia Machado, concentrada à porta deste estabelecimento de ensino.

No 1.º ano, a professora titular ficou de baixa e, depois de meses sem ser substituída, veio uma nova e, a seguir a esta, uma outra, referiu.

"Só no primeiro ano, foram três professores que os meninos tiveram", afirmou.

No 2.º ano a situação repetiu-se com a docente titular a colocar atestado médico, o que levou os alunos a serem acompanhados por uma professora de coadjuvação, salientou.

Atualmente, e estando estes agora no 3.º ano, aconteceu novamente o mesmo, contou.

Contactado pela Lusa, o Ministério da Educação adiantou que, de acordo com a direção da escola, após situações de baixas médicas e recusas do horário, o lugar está novamente a concurso para colocação de docente, sendo que a publicação das listas de novas colocações ocorrerá na sexta-feira.

"Todavia, a escola tem diligenciado para que o horário letivo da turma tenha sido sempre assegurado através da afetação de docentes que se encontravam em coadjuvação, o que continua a suceder", reforçou.

Por seu lado, o diretor do Agrupamento de Escolas Eng.º Fernando Pinto de Oliveira revelou que esta situação se deve ao facto dos professores titulares ficarem doentes e ser necessário substituí-los.

Falando numa situação "desesperante", Célia Machado revelou que há crianças que ainda não sabem ler, nem fazer contas, competências que já deveriam ter adquirido.

A Escola Básica da Praia, em Leça da Palmeira, Matosinhos, distrito do Porto, tem cinco turmas, nomeadamente uma do pré-escolar e as restantes do 1.º, 2.º e 3.º e 4.º anos.

Célia Machado comentou ainda que há crianças a terem explicações e que este "constante entra e sai de professores" lhes vai deixar "danos irremediáveis".

Por tudo isto, os pais pedem "soluções radicais para situações dramáticas como estas", nomeadamente "uma medida excecional" para resolver a situação.

Dizendo estar em causa o "superior interesse das crianças", Mário Maganinho, pai de um aluno, revelou que existem seis crianças a ter acompanhamento psicológico, fruto desta situação.

Durante os períodos em que estão sem professora, aguardando que a mesma seja substituída, os alunos são acompanhados por auxiliares de educação que, apesar de se esforçarem, nem têm as competências de um professor, sublinhou.

Neste momento, e estando as crianças sem professora, nem mesmo de coadjuvação, as únicas disciplinas que têm é inglês e educação física, integradas nas Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), frisou.

Já Paulo Sampaio, pai de uma aluna com dislexia, comentou à Lusa que a filha tem explicações particulares desde o 1.º ano, ou seja, desde os seis anos, algo que considera "lamentável".

"Há alunos desta turma [3.º ano] que estão ao nível de alunos de um 2.º ano, o que é frustrante", ressalvou.

Igualmente indignada estava Sofia Morango que, desde o primeiro ano, vê a filha ter acompanhamento psicológico "em resultado de tudo isto", revelou.

Questionados sobre o porquê de não mudarem os filhos de escola, os pais são unânimes em dizer que a mesma fica na sua área de residência e que transferi-los lhes traria implicações psicológicas porque, certamente, não estariam ao nível dos alunos das turmas onde fossem colocados.

Leia Também: MP acusa dono de cão que atacou criança e três adultos em Matosinhos

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