"Poderá estar a surgir um produto de sucesso das ilhas portuguesas, uma linha de cruzeiros pelos arquipélagos da Madeira e dos Açores, pelo menos a avaliar pelo número de contactos feitos pelos agentes de viagens com a Administração dos Portos da Madeira [APRAM], com o objetivo de comercializarem esta linha", disse à Lusa a presidente do conselho de administração.
Paula Cabaço adiantou que esta rota tem como público-alvo o mercado alemão e surgiu "da necessidade de buscar alternativas, num cenário ainda de pandemia".
A responsável da APRAM salientou que foi lançado um desafio pela Madeira aos Açores para o estabelecimento de uma parceria entre as duas regiões, visando "a criação de um itinerário comum, capaz de atrair as companhias, muitas delas ainda paradas, em busca de novas rotas".
"Após diversas reuniões de trabalho a diferentes níveis que envolveram a Vice-Presidência do Governo da Madeira, o executivo dos Açores e as administrações dos portos das duas regiões autónomas, é com satisfação que um mês e meio depois vemos o intenso trabalho desenvolvido ao longo deste período refletido nestas escalas previstas para o mês de junho", sublinhou.
"Com surpresa, temos sido contactados por agentes de viagens que querem comercializar este novo produto, que dizem ter interesse também para o mercado nacional", acrescentou.
Além da Mystic Cruise, adiantou, há mais duas companhias interessadas nesta rota.
Os portos da Madeira, por resolução do Governo Regional, reabriram aos cruzeiros em 16 de outubro do ano passado, com condicionalismos decorrentes da situação pandémica da covid-19, tendo o porto do Funchal recebido oito dias depois o navio Seadream I e, em novembro, o Disney Wonder, numa escala técnica.
Desde a reabertura dos portos do Funchal e do Porto Santo, têm sido muitos os iates de grandes dimensões e veleiros a ir à região, normalmente para abastecimento e descanso dos tripulantes, visto serem embarcações em viagens de reposicionamento das Caraíbas para o Mediterrâneo ou vice-versa, referiu.
Em 2020, devido à pandemia da covid-19, os portos da Madeira tiveram quebras de 74% no número de passageiros e de 76% no de escalas, num ano em que as previsões apontavam para subidas significativas.
"Foi preciso trabalhar em duas vertentes: com as companhias, ouvindo-as e dando 'feedback' do que estávamos a fazer, e na parte da preparação dos próprios portos, tendo em vista a retoma deste setor", apontou a responsável da APRAM.
Foi elaborado um plano de gestão dos portos, submetido à Autoridade de Saúde regional, "o primeiro feito a nível nacional" e que, a par dos planos de contingência, orienta nos procedimentos a ter em cada escala de navio.
"Equipámos os nossos portos com todos os equipamentos necessários, um investimento de mais de meio milhão de euros, feito em contrato-programa com a nossa tutela, a Vice-Presidência do Governo Regional da Madeira", sublinhou.
O Governo da Madeira decidiu também aplicar o conceito de 'corredor verde' nos acessos marítimos madeirenses, tal como aplicou no aeroporto.
Esta medida significa que os passageiros ou tripulantes vacinados ou portadores de teste PCR de despiste da infeção por SARS-CoV-2 com resultado negativo, realizado no período máximo de 72 horas anteriores ao desembarque, têm acesso direto ao 'corredor verde'.
O mesmo acontece com os passageiros e tripulantes que apresentarem um documento médico, validado no país de origem e emitido nos últimos 90 dias, atestando que o seu portador está recuperado da doença covid-19.
Os dados divulgados quarta-feira pela Direção Regional de Saúde reportam 15 novos casos de covid-19, 12 recuperações e um total de 243 de infeções ativas no arquipélago. Desde o início da pandemia, a Madeira contabiliza 9.295 casos confirmados de covid-19, 8.921 doentes recuperados e 71 mortes.
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