Adalberto Campos Fernandes esteve, este domingo, no 22|01, da SIC Notícias, onde deu a sua opinião sobre a presença dos adeptos ingleses na cidade do Porto devido à final da Liga dos Campeões - que opôs o Manchester City ao Chelsea e terminou com a vitória dos de Londres - no âmbito da Covid-19. "O Estado de Direito não se compadece com apreciações em bolha e o Estado de Direito requer que o conjunto dos cidadãos seja tratado por igual", começou por afirmar.
Contudo, o ex-ministro da Saúde foi mais longe na sua apreciação: "Creio que o que aconteceu esta semana e com a final da Liga dos Campeões é uma situação que faz rebentar a bolha da confiança".
Campos Fernandes continuou a sua apreciação focando-se na questão da alegada 'bolha' em que, alegadamente, os adeptos se manteriam de modo a não causarem um eventual aumento de casos ou do risco de infeção. Para o ex-governante, "só mesmo por muito boa vontade ou alguma ingenuidade é que se pensaria que os adeptos ingleses, podendo entrar por outros pontos do território nacional - ou até alguns vivendo em Portugal - iriam frequentar o jogo num ambiente assético, de bolha".
Assim, "o que se passou", para o ex-ministro, "não foi uma bolha, foi um aerossol que se espalhou pelo território nacional." "De facto, muitas vezes temos de recuar ao princípio das coisas, às coisas mais básicas. Neste caso é 'onde é que no meio de tudo isto fica o Estado de Direito?'"
E, no seu entender, "a própria situação da Direção-Geral da Saúde (DGS) fica muito fragilizada com este tipo de decisões e contra-decisões". Para justificar a afirmação, Adalberto Campos Fernandes deu o exemplo do final do campeonato nacional de râguebi, "onde foi pedida a participação de 500 espectadores, a maior parte das pessoas famílias", num espaço aberto, pedido esse a que "foi respondido liminarmente que 'não'".
"Estamos sempre com esta coisa muito portuguesa que é 'temos de aprender com as lições'. Mas parecemos, às vezes, alunos repetentes que precisam de um explicador, porque é de erro em erro e a lição nunca mais é aprendida", considerou ainda.
Em resumo, para o ex-ministro, o fundamental é que "os portugueses não percam a confiança na necessidade de se protegerem, que o segredo está todo na vacinação em massa e que há medidas simples que não custam como o distanciamento físico e o uso da máscara".
Recorde-se que a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte aconselhou vigilância e redução de contactos nos próximos 14 dias a quem frequentou no sábado, no Porto, locais relacionados com a final da Liga dos Campeões, em futebol.
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