De acordo com o programa divulgado, Marcelo Rebelo de Sousa chega à Bulgária hoje a meio da tarde, mas sem agenda oficial, e apenas terá um jantar privado oferecido pelo Presidente búlgaro.
O chefe de Estado aterra em Sófia depois de uma visita oficial à Eslovénia, desde domingo, na qual se encontrou com o presidente deste país, Borut Pahor, e com o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, países que sucedem e antecedem, respetivamente, Portugal na presidência do Conselho da União Europeia.
Na Bulgária, o programa oficial arranca na quarta-feira: na capital búlgara, Sófia, Marcelo Rebelo de Sousa terá a cerimónia de boas-vindas na Praça St. Alexander Nevski, com a tradicional revista e desfile militar da guarda de honra, depositando em seguida uma coroa de flores no túmulo do soldado desconhecido,.
Já no Palácio Presidencial, o chefe de Estado português reúne-se com o Presidente búlgaro, Rumen Radev, encontro que será depois alargado às duas comitivas e seguido de declarações à imprensa.
Marcelo Rebelo de Sousa terá depois um almoço que lhe é oferecido pelo primeiro-ministro interino da Bulgária, Stefan Yanev, seguindo para uma visita à catedral de St. Alexander Nevski.
A catedral ortodoxa, com cerca de 50 metros de altura, é uma das principais atrações turísticas da capital búlgara, erigida em homenagem aos soldados russos mortos em combate durante a Guerra Russo-Turca de 1877-1878.
Da catedral, o Presidente português partirá a pé para o edifício da Câmara Municipal de Sófia, onde se encontra uma placa em baixo-relevo de homenagem a Fernando Pessoa, inaugurada em 2006, com trechos do poema 'Tabacaria' do heterónimo Álvaro de Campos.
O programa de quarta-feira termina com um jantar entre os dois chefes de Estado, no Museu Nacional de História.
Para o último dia de Marcelo Rebelo de Sousa em Sófia, ficou reservada uma visita à Biblioteca Nacional da Bulgária, onde será apresentada a exposição especial "Portugal nos Manuscritos e os Antigos Livros Impressos da Biblioteca Nacional S. Cirilo e São Metódio".
Em seguida, na Universidade de Sófia, o chefe de Estado receberá o grau académico de Doutor 'honoris causa' e, no final da cerimónia, fará um discurso com o tema "Europa: Perspetivas de Futuro".
O último ponto da agenda do Presidente da República na Bulgária é uma visita à Embaixada de Portugal, onde se encontrará com membros da comunidade portuguesa e estudantes búlgaros de português, oferecendo, em seguida, um almoço de retribuição ao Presidente da República da Bulgária.
A deslocação oficial de Marcelo Rebelo de Sousa à Bulgária acontece mais de dois anos depois de o seu homólogo Rumen Radev ter estado em Portugal numa visita de Estado entre 30 e 31 de janeiro de 2019.
Nessa ocasião, o Presidente búlgaro saudou em Lisboa "as relações construtivas entre a Bulgária e Portugal" como um sinal para o futuro europeu.
"São um símbolo para o futuro da Europa, uma vez que dois Estados que se encontram nas pontas da Europa conseguem trabalhar num espírito de cooperação e diálogo, para procurar encontrar posições comuns unindo-se com base nos valores europeus", declarou.
Rumen Radev agradeceu, durante essa visita, o apoio concedido aos seus compatriotas em Portugal, que estimou na altura serem cerca de 13.000, e deixou um convite a Marcelo: "Estou à sua espera na Bulgária", concluiu.
No seu primeiro mandato, Marcelo Rebelo de Sousa já tinha estado na Bulgária, em setembro de 2016, por ocasião do 12.º encontro do Grupo de Arraiolos, que reúne chefes de Estado europeus sem poderes executivos.
Do programa da visita não consta nenhum ponto económico, num contexto em que as trocas comerciais entre os dois países são muito baixas: a Bulgária foi em 2020 o 49.º cliente de Portugal (representando 0,15% do total das exportações nacionais) e o 45.º fornecedor de bens ao país (0,19% do total das importações).
Politicamente, a Bulgária vai realizar eleições antecipadas em 11 de julho, apenas três meses após o último escrutínio, depois de três tentativas falhadas de formar um Governo por parte dos partidos mais votados, estando atualmente em funções um executivo de gestão.
O país dos Balcãs com sete milhões de habitantes, considerado o Estado-membro mais pobre da União Europeia (UE) -- a adesão registou-se em 2007, a par da vizinha Roménia, e pode ser o próximo país a aderir à zona euro -- permanece no último lugar na vacinação contra a covid-19 (pouco mais de 13% da população adulta já tem pelo menos uma dose, contra perto de 42% em Portugal) e entre os que registam maior taxa de mortalidade.
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