O primeiro-ministro sublinhou, esta terça-feira, que, ao contrário do que tinha sido "o desejo de todos", o presente ano letivo contou com uma interrupção do ensino presencial. devido ao agravamento em janeiro da situação epidemiológica.
Ainda, assim, para António Costa, a maior lição a retirar da suspensão das aulas nas escolas são as consequências do ensino à distância na aprendizagem dos alunos.
"A interrupção do ensino presencial teve consequências no desenvolvimento das crianças, na sua aprendizagem, no seu crescimento enquanto pessoas e cidadãos e, também, na aquisição dos conhecimentos que adquirem nas escolas", reconheceu o chefe do Governo na Escola Secundária Dr. Azevedo Neves, na Amadora, no âmbito da apresentação do Plano de Recuperação de Aprendizagens - 'Plano 21|23 Escola +'.
No entanto, António Costa destacou que esse impacto negativo da interrupção do ensino presencial foi ainda maior nos alunos que sofrem de carências, sejam estas "pessoais ou sociais". "Esta interrupção do ensino presencial foi um fator que agravou as desigualdades pré-existentes", vincou.
Governo vai mobilizar recursos para apoiar escolas nos próximos dois anos
Posto isto, o primeiro-ministro garantiu que estão a ser analisadas formas de "mobilizar recursos para apoiar", nos "próximos dois anos", o que a comunidade escolar já iniciou: "Um esforço de recuperação das aprendizagens".
A metodologia que será utilizada, revelou também António Costa, prender-se-á com a "descentralização, a autonomia e flexibilização" do ensino. "O que costumo dizer que é o triângulo virtuoso do sucesso da escola", acrescentou.
Este plano tem como objetivo garantir respostas adequadas e reajustáveis a cada situação escolar, numa solução "transversal" a todo o país.
"Esta metodologia, que já está incorporada, é a mais acertada para agora podermos ter este programa de recuperação. Não vamos fazer nada de novo, vamos fazer mais e melhor"
Sobre a recuperação, o primeiro-ministro mostrou-se contra o prolongamento do ano letivo sob as férias, visto que este período faz também "parte da vida e do processo educativo", além de "ser um direito de quem trabalha nas escolas".
"A aposta não foi em prolongar ou apostar nas sobrecargas, mas foi dotar as escolas de mais recursos à medida das necessidades específicas da estratégia de recuperação", esclareceu.
Por fim, António Costa avançou ainda que será reforçada "a transição digital, os mecanismos de flexibilização e a integração de aquilo que é o ensino mais tradicional com a incorporação curricular de modalidades desportivas ou artísticas, por exemplo".
"Queria dizer que é um trabalho que vale a pena porque é o trabalho em que estamos mesmo a apostar que as sequelas desta pandemia não se prolongarão na vida desta geração que nestes dois anos letivos foi duramente atingida no seu processo formativo. Não, não vai ser assim e, por isso, vamos trabalhar muito nos próximos dois anos para que isso não aconteça", rematou.
Governo vai investir 900 milhões
Antes da intervenção do primeiro-ministro, coube ao ministro da Educação fazer a apresentação do 'Plano 21|23 Escola +', para a recuperação das aprendizagens afetadas durante os últimos dois anos letivos pelos períodos de confinamento devido à pandemia da Covid-19, em que os alunos estiveram em regime de ensino a distância.
No âmbito deste plano plurianual, o Governo vai investir um total de cerca de 900 milhões de euros, que incluem 140 milhões para o reforço de recursos humanos nas escolas, 43,5 milhões para a formação dos professores e não docentes, 47,3 milhões para o aumento dos recursos digitais e 670 milhões para a modernização dos equipamentos e infraestruturas das escolas.
As grandes prioridades serão "ensinar e aprender", "apoiar as comunidades educativas" e "conhecer e avaliar", sempre de olhos postos no sucesso, na inclusão e na cidadania (Tiago Brandão Rodrigues)"Este é um plano que está centrado na aprendizagem, no desenvolvimento de competências de forma integrada e plural, procurando medidas e disponibilizando recursos", explicou Tiago Brandão Rodrigues, recordando que as medidas e recomendações desenhadas resultam de um processo de auscultação que envolveu diversos intervenientes.
Para os próximos dois anos letivos, o Ministério da Educação estabeleceu um conjunto de objetivos que passam, além da recuperação das aprendizagens e das competências mais afetadas durante o ensino a distância, a diversificação das estratégias de ensino e o investimento no bem-estar social e emocional.
Reveja aqui a apresentação do 'Plano 21|23 Escola +'
[Notícia atualizada às 19h31]
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