"Esta penetração no Atlântico, permite-nos uma capacidade de observação do espaço e a partir do espaço, que é única em termos europeus", disse à agência Lusa, antes da inauguração de dois telescópios que integram a rede de Vigilância e Rastreio Espacial (SST, sigla em inglês).
Os novos equipamentos, instalados num complexo operado por militares nas montanhas sobranceiras ao Funchal, representam um investimento do Ministério da Defesa Nacional na ordem dos 470 mil euros, incluindo obras de requalificação do Centro de Operações Local e trabalhos de mitigação do impacto ambiental.
"É uma forma que nós temos de tirar proveito da nossa extraordinária circunstância geográfica arquipelágica, do facto de Portugal ser constituído por Portugal continental, Açores e Madeira", realçou João Gomes Cravinho.
O governante explicou que os telescópios fazem parte um sistema com base na ilha Terceira, nos Açores, no âmbito do programa europeu de Vigilância e Rastreio Espacial, que visa detetar, catalogar, prever e mapear a trajetória dos objetos que circulam na órbita do planeta, sejam satélites ativos ou o lixo espacial.
O Ministério da Defesa Nacional investiu 1,5 milhões de euros nos dois arquipélagos ao abrigo do SST.
"Existe atualmente cerca de um milhão de detritos espaciais que são um perigo tremendo para os satélites, tão importantes na nossa vida quotidiana. Estes telescópios ajudam-nos a controlar o lixo espacial, as suas órbitas, a evitar colisões", disse.
João Gomes Cravinho sublinhou, também, o contributo do complexo de observação ótica do Pico do Areeiro para a criação de empregos qualificados e fixação de pessoas nos locais de origem.
Além do interesse civil, militar ou comercial, o projeto SST tem associados interesses científicos na investigação, formação e educação em diversos campos do espaço e suas aplicações aos domínios terrestre e marítimo.
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