"As leis não estão na prática, mas as instituições estão a cooperar de uma forma mais intensa à escala regional e sub-regional. Temos reuniões permanentes todos os meses. Temos uma reunião de coordenação e articulação entre as várias entidades. Essas coisas estão integradas e vão funcionando", disse Tiago Oliveira, em entrevista à agência Lusa.
O presidente da AGIF referia-se ao Programa Nacional de Ação do Plano Nacional de Gestão Integrada dos Fogos Rurais para os próximos 10 anos, que foi publicado na semana passada em Diário da República, e ao Sistema de Gestão Integrado de Fogos Rurais, em que o Governo tem até ao final do ano para regulamentar a autorização legislativa que saiu do parlamento.
Tiago Oliveira destacou que se registaram "melhorias significativas na informação" existente, no sistema de apoio à decisão e na capacidade da injeção de conhecimento especializado.
"Há argumentos para dizer e há informação que permite tomar as melhores decisões no combate e na prevenção", assegurou, avançando ainda que está a ser dada formação aos bombeiros, sapadores e GNR em vários módulos, nomeadamente na coordenação de meios aéreos, grandes incêndios e gestão de equipas.
Sobre o combate aos fogos, Tiago Oliveira considerou que agora é necessário promover "não só os ganhos de eficácia, mas também de eficiência", nomeadamente a contabilização dos custos de cada incêndio.
"Daí aquela nota do Tribunal de Contas dizer que é necessário contabilizar os custos que acontecem em cada incêndio para que a gestão seja feita em função de valores monetários, que é o que faz sentido. Tanto que essa nossa preocupação já vinha desde 2018", afirmou
Em abril, os juízes do Tribunal de Contas alertaram, numa auditoria, para a não existência de um sistema que apure os custos da prevenção e combate aos incêndios, de modo a quantificar, em cada ano, os encargos associados à prevenção e combate, ao dispositivo e a cada incêndio.
O especialista sustentou que a AGIF está a insistir nesta questão.
"Estamos a acreditar que o sistema integrado interoperável que estamos a construir já tenha na Proteção Civil um esboço que permita dizer: 'olha naquele incêndio, o valor a proteger são 10 a 15 mil euros e vocês estão lá a gastar 200 mil euros. Atenção, melhorar estas contas porque temos de ser eficientes'" precisou.
Tiago Oliveira frisou também que o Programa Nacional de Ação do Plano Nacional de Gestão Integrada dos Fogos Rurais propõe um equilíbrio, prevendo que se gaste 60% na prevenção e 40% no combate.
"Todos concordam que a prevenção é aquilo que tem de ser feito e com mais capacidade de intervenção de todos os atores".
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