As medidas de combate à covid-19 voltaram a adiar para 2022 a tradição de comemoração na rua do S. João, mas nem por isso a presença de pessoas, sobretudo jovens, deixou de se fazer sentir pela cidade.
Com os locais de diversão fechados desde as 18:00, a concentração deu-se junto aos bares e restaurantes, nomeadamente junto ao Jardim da Cordoaria, Praça dos Poveiros e Ribeira, onde, também, a PSP se apresentou para controlar os ajuntamentos.
Pelas 22:30, meia hora depois de terminadas as emoções do jogo de futebol entre Portugal e a França para o Euro2020, havia uma pequena multidão à porta dos bares, sem distanciamento social e com pouca gente a usar máscara, quase todos de copo na mão.
Num desses grupos, que apressadamente colocou a máscara assim que a reportagem da Lusa se aproximou, Gregório Lis, de Ovar, contou que aproveitaram o "facto de jogar a seleção e de ser o S. João para saírem um pouco de casa e conviver, contidos, por causa da situação atual".
De cachecol de Portugal ao pescoço, acrescentou sobre a tradição "que se volta a viver um ano muito atípico", apreciação que a amiga, Bárbara Santos, do Porto, concordou.
"Isto não é o S. João! Vemos as pessoas a divertirem-se, mas penso que tem muito a ver com o jogo da seleção e foi por isso que nos juntámos e viemos jantar", disse.
Apontando para 20 metros ao seu lado esquerdo onde começava o aglomerado de pessoas junto aos bares, afirmou que "estas deviam ter mais um bocado de cabeça".
Mais adiante, atarefado diante das brasas onde assava as sardinhas, Joaquim Fernando, do restaurante Nonna Piazza, falou com a Lusa sem tirar os olhos do peixe para dizer que "o movimento deste ano não só não é o normal, como nem para lá caminha".
Este ano, contou, "assou cerca de 300 sardinhas" até às 22:30, quando, nos anos normais da maior festa do Porto "por esta hora já teria assado umas mil".
Ainda assim, confessou, a autorização para os restaurantes poderem estar abertos até à 01:00 "foi uma boa ajuda", admitindo ser "o lado menos mau de um S. João com muitas limitações".
A conversa teve de acabar pois com novos pedidos a chegar foi tempo de se virar para a bacia onde mais cerca de 50 sardinhas aguardavam a sua vez de ir para as brasas.
Minutos depois, o contingente da PSP aumentou a sua presença no local, preparando a intervenção prevista para a meia-noite de desmobilização das pessoas do local rumo às suas habitações.
No resto da cidade só as esplanadas cheias de gente deixavam perceber ser uma noite de festa, numa noite em que as Fontainhas, centro das festividades há anos no Porto, ficou em silêncio e às escuras.
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