"Vamos discutir aqui no Conselho Europeu as decisões que vamos tomar relativamente, mais uma vez, ao controlo de entradas de pessoas originárias de países terceiros, designadamente do Reino Unido, e Portugal tem seguido a doutrina de praticar aquilo que é praticado a nível europeu", disse o primeiro-ministro à chegada ao Conselho Europeu, em Bruxelas.
Tendo em conta a presidência da UE, "ficava-nos particularmente mal não seguirmos aquilo que é acordado a nível europeu".
Relativamente à possibilidade de Portugal 'fechar as fronteiras' aos britânicos, ou impor quarentenas a quem viaje desde o Reino Unido, o primeiro-ministro insistiu que Portugal fará aquilo que for acordado no Conselho, como sempre o fez, e, "se for esse o entendimento, sim", pois o Reino Unido "não deve ter nenhum tratamento de exceção".
"É essa aliás a decisão que temos para um conjunto de países que preenchem os critérios para a adoção dessa medida, nomeadamente a pessoas originárias do Brasil, da Índia, do Nepal [devido às novas variantes do vírus]. Se for o Reino Unido, não deve ter nenhum tratamento de exceção e deve ser aplicada a mesma regra", defendeu.
Críticas de Merkel? Há um "equívoco"
Relativamente às declarações de Merkel, que na terça-feira criticou a falta de regras comuns na União Europeia relativamente às viagens, dando como exemplo a situação de aumento dos contágios em Portugal, que "poderia ter sido evitada", António Costa considera que "ela tem toda a razão" quanto à necessidade de uma ação coordenada em relações às fronteiras externas e garantiu que o Governo tem seguido as diretrizes acordadas a nível da UE.
"Em Portugal temos praticado isso. Creio que há um equívoco no entendimento que tem havido sobre o que temos adotado relativamente aos britânicos, [pois] temos adotado aquilo que é a recomendação geral da UE, que é a imposição de quarentenas a países que estão acima de determinado numero de casos - os britânicos não estavam - e, por outro lado, a exigência de testes obrigatórios, o que tem sido a exigência relativamente aos britânicos", apontou.
Sobre o facto de a chanceler alemã ter apontado o caso específico de Portugal, considerou que "ela não fez bem uma crítica, pôs uma hipótese, como muita gente tem posto, relativamente a qual é a origem desta variante", Delta, que, de acordo com um novo relatório do Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC), representará 90% dos casos de covid-19 na UE em finais de agosto.
A coordenação entre os Estados-membros no combate à pandemia da covid-19 volta a ser um dos temas dominantes da cimeira de chefes de Estado e de Governo da UE que decorre entre hoje e sexta-feira em Bruxelas, na qual António Costa fará um balanço da presidência portuguesa do Conselho da UE, dado este ser o último Conselho Europeu durante o 'semestre português', que termina na próxima quarta-feira, 30 de junho.
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