Joe Berardo foi detido esta manhã por fraude à Caixa Geral de Depósitos, na sequência de um mandado emitido pelo Ministério Público e executado pelo Polícia Judiciária. Além do empresário, foi também detido o seu advogado, André Luiz Gomes.
Ambos deverão ser ouvidos pelo juiz Carlos Alexandre nas próximas 48 horas.
Conforme avança a TVI24, o empresário madeirense é suspeito dos crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento.
Entretanto, em comunicado, a Polícia Judiciária adianta que desencadeou hoje, em Lisboa, no Funchal e em Sesimbra, uma operação que envolveu 180 profissionais: 138 investigadores da PJ, 26 da Autoridade Tributária, nove profissionais do Ministério Público e sete do Juízo de Instrução Criminal.
"Foram efetuadas 51 buscas, sendo, 22 buscas domiciliárias, 25 buscas não domiciliárias, três buscas em instituição bancária e uma busca em escritório de advogado", acrescenta o documento.
Na investigação, que começou em 2016, foram identificados "procedimentos internos em processos de concessão, reestruturação, acompanhamento e recuperação de crédito contrários às boas práticas bancárias".
Os investigadores procuram indícios de "atos passíveis de responsabilidade criminal e dissipação de património".
Sem identificar qual, a PJ diz que a operação incidiu sobretudo num grupo económico, "que entre 2006 e 2009, contratou quatro operações de financiamentos com a CGD, no valor de cerca de 439 milhões de euros".
As autoridades acusam este grupo económico de ter incumprido com os contratos e recorrido aos mecanismos de renegociação e reestruturação de dívida para não a amortizar.
"Atualmente, este grupo económico causou um prejuízo de quase mil milhões de Euros à CGD, ao Novo Banco e ao BCP, tendo sido identificados atos passíveis de responsabilidade criminal e de dissipação de património", acrescenta o comunicado.
Em causa está a forma como Joe Berardo conseguiu obter, em 2006, empréstimos da Caixa Geral de Depósitos que, em 2015, ainda revelavam uma exposição do banco público à Fundação Berardo na ordem dos 268 milhões de euros em créditos mal parados.
Joe Berardo terá montado um esquema de dissipação de património e dinheiro, através de empresas-veículo, para conseguir escapar aos credores: além da Caixa, deve ainda milhões de euros a outros bancos.
Só o banco público concedeu a Joe Berardo um crédito de 350 milhões de euros para compra de ações do BCP, que logo depois desvalorizaram. De acordo com a investigação, esses empréstimos foram conseguidos através de uma relação privilegiada com o Governo, que na altura era liderado por José Sócrates.
O Ministério Público estabelece ainda uma relação entre a concessão desses créditos e o facto de ter sido celebrado com o Governo um acordo para que 862 obras de arte da fundação Berardo fossem expostas no Centro Cultural de Belém.
Leia Também: Berardo detido, mas em 2019 garantia que não tinha dívidas. Recorde aqui