Os patrulhamentos mistos decorrem nos meses de julho e agosto e, ao mesmo tempo que os operacionais da Guardia Civil estão em Vila Real, também dois militares da GNR estão na cidade galega de Verín, perto da fronteira com Chaves. O objetivo é o mesmo: apoiar os cidadãos das duas nacionalidades.
Este é o primeiro verão em que os militares espanhóis estão no distrito transmontano, mas a cooperação entre as forças de segurança já tem ocorrido em outras zonas turísticas do país.
"O patrulhamento é feito nas zonas onde consideramos que vai existir um aglomerado de turistas e vão ser o elo de ligação da GNR com esses turistas. Vão quebrar a barreira linguística, facilitar a interação da nossa Guarda com esses turistas espanhóis, vão potenciar o clima de segurança e ajudar a acolher melhor esses cidadãos espanhóis", afirmou Orlando Rego, comandante do Destacamento Territorial do Peso da Régua.
Esta manhã, os militares da Guardia Civil e da GNR passaram pelo cais fluvial e pelo parque de caravanismo da Régua.
Os turistas estão a chegar gradualmente ao Douro. Dulce Fernandez e Vicente Alonso estão a percorrer a zona da raia numa autocaravana, optando, este ano, por não se afastarem muito de Espanha por causa da pandemia de covid-19.
Foi com alguma surpresa que viram os compatriotas Pablo Garcia, de Rioja, e Borja Garcia, das Astúrias, junto com os militares da GNR, mas consideraram que a cooperação é importante e reforça o sentimento de segurança.
"É a primeira vez que venho para esta zona para falar com os turistas espanhóis, ajudá-los com o idioma luso e a interagir com eles", afirmou Pablo Garcia.
Por norma os turistas pedem-lhes orientações para os locais turísticos ou para restaurantes e, nesta estada, têm encontrado espanhóis que estão a fazer o Caminho de Santiago.
Os guardas espanhóis ajudam também a sensibilizar para a adoção das regras de combate à pandemia, como o uso da máscara ou o distanciamento social, alertam para que evitem comportamentos de risco e informam ainda sobre as leis em vigor em Portugal.
"É bom poder ajudar os turistas que vêm para esta zona. A nossa missão neste lugar é mais ajudar, é colaborar com os nossos compatriotas que possam precisar de ajuda, como saber onde fica o seu hotel ou onde ir jantar ou se têm algum problema", acrescentou Borja Garcia.
O comandante Orlando Rego salientou que esta é uma "forma de precaver". Os elementos da Guardia Civil não têm competências no território nacional, mas representam um apoio à atuação da GNR.
No cais da Régua, o espanhol Romualdo Rendo preparava-se para entrar numa embarcação turística quando foi abordado pelos militares do seu país, uma presença que considerou importante, nomeadamente para obter informações.
A pandemia provocou uma redução no turismo fluvial, mas Armando Nunes, da empresa Barcadouro, referiu que se está a verificar um aumento gradual.
Cerca de 50% dos clientes desta operadora são portugueses e entre os estrangeiros, os espanhóis representam um nicho de mercado importante e, por isso mesmo, na sua opinião, a colaboração entre as forças de segurança é "uma mais-valia".
Cátia Araújo vende os tradicionais rebuçados da Régua na zona do cais e contou que o "negócio está a correr muito mal este ano" e que "nada tem a ver" com o mês de julho de 2019, em que o Douro já estava cheio de turistas.
"Vamos tendo alguns turistas ao fim de semana, mas durante a semana não", frisou.
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