Marcelo Rebelo de Sousa está, esta sexta-feira, em Vila Flor, Bragança, para participar na homenagem a Camilo Mendonça, e, em declaração aos jornalistas, teceu comentários sobre o Plano de Resiliência (PRR), apontando que este "foi feito em contrarrelógio, em seis meses, quando ainda se pensava que a pandemia durava até ao fim do verão passado, com as contas correspondentes e com o dinheiro correspondente".
O Presidente da República recordou que este documento "teve de ser negociado palmo a palmo com a Comissão Europeia" e "obrigou, naturalmente a reformulações ou, se quiserem, a aditamentos, em que o primeiro-ministro teve um papel muito importante".
Isto porque, acrescentou, a Europa "apontava para certas prioridades: a transição energética, a transição digital, as qualificações, a saúde - claro -, mas, depois, cada país tinha de tentar enquadrar aí realidades suas".
No fim, lembrou Marcelo, "foi possível encontrar para a Cultura um espaço que no início não havia, ou para certas realidades sociais ou institucionais".
Para o Presidente é, assim, "natural que haja quem entenda que o PRR, por si só, devia ser uma realidade diferente daquilo que pode ser". "Por isso tenho dito que se deve juntar o PRR ao Quadro Financeiro Plurianual. O dinheiro que vamos receber durante sete anos, Orçamento a Orçamento, é mais do que o dinheiro que vamos receber correspondente ao PRR. Tem de se somar as duas realidades", afirmou. E, fez ainda questão de salientar, este valor "não tem as limitações do PRR".
Para o Presidente da República, "as pessoas têm de ter a noção de que não há planos ideais, mas é o plano que temos e que temos de executar o mais possível" e "da melhor maneira", com a "clareza que seja possível".
Más relações com o primeiro-ministro?
Outro tema abordado por Marcelo Rebelo de Sousa foi o estado atual da sua relação com António Costa. Começando por garantir que "não comenta comentadores", o chefe de Estado recordou que, "ainda ontem acertámos que houvesse, no dia 27, uma sessão epidemiológica".
Em relação às medidas tomadas esta quinta-feira pelo Governo - que pode recordar neste artigo - o Presidente da República revelou que lhe pareceram "muito equilibradas" e "até fazendo um grande esforço de colagem à realidade".
"Há aqui passos que são dados no mesmo sentido, em convergência, como é natural, na pandemia. Enfrentar a crise pandémica exige convergência", garantiu.
Impõe-se uma remodelação governamental?
Questionado pelos jornalistas sobre a pressão que tem existido para haver uma remodelação no Governo, Marcelo Rebelo de Sousa escusou-se a comentar o tema: "O Presidente da República não tem de ter opinião sobre essa matéria. Isso é uma opinião que compete ao primeiro-ministro".
O chefe de Estado terminou, afirmando que António Costa é "quem sabe o Governo que, em cada momento, ao longo da legislatura, escolhe para cumprir a missão".
[Notícia atualizada às 18h43]
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