Covid-19? "A imunidade de grupo, de facto, não se vai atingir"
Matemático Henrique Oliveira explicou, na TVI24, que a imunidade teórica - de 87,5% - "nunca se atinge" e explicou os motivos para tal. Estudo da Universidade de Coimbra concluiu que anticorpos contra a Covid-19 diminuem em mais de 80% após três meses da segunda dose.
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País Covid-19
"A imunidade de grupo, de facto, não se vai atingir". Henrique Oliveira, professor do Departamento de Matemática do Instituto Superior Técnico, explicou, em declarações à TVI24, que a desejada imunidade em relação à Covid-19 é uma utopia e apontou razões: "a imunização não persiste no tempo", recordou.
O especialista começou por apontar que, na variante Delta, e aplicadas as fórmulas matemáticas, "a imunidade de grupo teórica" seria de 87,5%, mas que esta "nunca se atinge".
E porquê? "Porque a imunização nunca persiste no tempo - ou muito raramente persiste no tempo -, sobretudo neste tipo de doenças. Já se percebeu que a imunização não persiste no tempo", fez questão de frisar Henrique Oliveira.
Aliás, "o estudo da Universidade de Coimbra é muito claro e nós já tínhamos indícios disso". De recordar que este analisou a duração dos anticorpos contra a Covid-19 em cerca de quatro mil profissionais de saúde e concluiu que estes diminuem em mais de 80% após três meses da segunda dose da vacina.
Mas há mais. O matemático destacou ainda que "a letalidade dos mais idosos está a subir". "Nas pessoas com mais de 80 anos observa-se que a letalidade já esteve a 1% e, neste momento, já vai próximo dos 13%", ou seja, "em cada 100 pessoas com mais de 80 anos que apanham a doença, 13, neste momento, estão a morrer". Em maio, "1% dessas pessoas morria".
Para o professor, "há aqui uma mudança de paradigma muito grande e complicada", que é o "facto de a vacinação ter uma duração limitada no tempo e as pessoas mais vulneráveis e, ainda por cima, vacinadas há mais tempo, perderem essa imunização".
Posto isto, frisou, "vamos andar sempre um pouco atrás da vacinação" e devemos vacinar "o máximo possível", mas "nunca vamos atingir a imunidade de grupo, por razões teóricas e matemáticas".
"No caso da Covid, como a doença é altamente transmissível, acontece que é muito difícil encontrarmos esta barreira protetora de pessoas imunizadas que não deixam passar o vírus. É preciso que essa barreira seja muito, muito elevada. E isso é muito difícil de atingir", terminou Henrique Oliveira.
De lembrar que o mais recente relatório da vacinação contra a Covid-19 divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS), mostrou que 71% da população portuguesa já tem pelo menos uma dose do imunizante e 62% completou o esquema vacinal - percentagem que corresponde a mais de 6,4 milhões de pessoas.
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