Paróquias devem estar atentas a "trabalhadores estrangeiros"

O padre Rui Pedro, pároco em Esch-sur-Alzette, no Luxemburgo, desafiou hoje as paróquias portuguesas a "dar uma olhadela" aos trabalhadores estrangeiros no seu território, considerando que o que se reivindica para os emigrantes deve ser igual para os imigrantes.

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Lusa
12/08/2021 19:26 ‧ 12/08/2021 por Lusa

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"Seria um desafio muito grande neste momento para as paróquias de Portugal dar uma olhadela no seu território aos trabalhadores estrangeiros que existem", afirmou o sacerdote português, na conferência de imprensa que antecede a peregrinação internacional de 12 e 13 agosto ao Santuário de Fátima, que integra a peregrinação nacional do migrante e do refugiado.

O pe. Rui Pedro, que é da região Oeste (dividida entre os distritos de Leiria e Lisboa) e tem visitado algumas paróquias rurais onde há "muitos imigrantes do Nepal, do Bangladesh do Sri Lanka a trabalhar" nos campos, "na apanha da fruta e outras coisas", considerou que "as paróquias também devem tornar-se sensíveis a esta realidade aqui em Portugal".

"Às vezes reivindicamos coisas para os nossos emigrantes e não reivindicamos o mesmo ou não cedemos o mesmo aos nossos imigrantes aqui em Portugal", declarou.

Para o pe. Rui Pedro, "as pessoas não vêm assim, ao deus dará, haverá redes que os trazem", e assim como os portugueses que vão em trabalho sazonal para o estrangeiro, também augurou para os imigrantes habitação, salários e apoio familiar dignos.

Segundo o sacerdote, estes fluxos migratórios "não têm nada a ver com os anos 90", pois não "há uma partilha cultural", sustentando que este é "um desafio grande para a Igreja portuguesa de abertura, não só porque são trabalhadores, mas "o mais importante é que são homens e mulheres que necessitam do apoio da Igreja, também na defesa dos direitos humanos, da habitação, do trabalho".

Do Luxemburgo, país onde 48% da população é estrangeira e a comunidade portuguesa está bem integrada, referiu tratar-se de "um laboratório muito curioso a nível da comunhão e da interculturalidade", e que "seduz pelas suas condições de vida e também pelo trabalho que vai havendo".

"Quem vive no Luxemburgo hoje pode constatar que é um estaleiro a céu aberto", observou, referindo que "há muitas obras públicas a serem feitas".

De acordo com o pároco, "emigrar para o Luxemburgo pode ajudar pessoas que aqui a vida não correu bem ou, então, a pandemia tem agravado a situação familiar e não resta que tentar a emigração", reconhecendo que há portugueses a chegar ao Luxemburgo.

Já a presidente da Obra Católica Portuguesa de Migrações, Eugénia Quaresma, falou de preocupações deste organismo da Conferência Episcopal Portuguesa, como a exploração laboral ou a habitação, preocupações, entre outras, que foram partilhadas por uma delegação do Fórum das Organizações Católicas para a Imigração e Asilo na quarta-feira com o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.

Considerando que há "mais consciência dos direitos humanos", Eugénia Quaresma sustentou que isso se deve repercutir na intervenção, na ação, na denúncia e proteção.

A peregrinação de agosto ao Santuário de Fátima, considerada como a peregrinação dos emigrantes, começa às 21:30 com a recitação do terço, seguindo-se a procissão das velas e a celebração da palavra.

Na sexta-feira, às 09:00 é recitado o terço, realizando-se, uma hora mais tarde, a missa, que inclui uma palavra dirigida aos doentes. As celebrações terminam com a procissão do adeus.

É presidida pelo arcebispo do Luxemburgo, cardeal Jean-Claude Hollerich.

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