Numa mensagem hoje publicada no sítio oficial da Presidência da República na Internet, lê-se que Marcelo Rebelo de Sousa "saudou pessoalmente o professor doutor Adriano Moreira, que ainda recentemente exerceu funções de conselheiro de Estado", no dia em que completa 99 anos.
O Presidente da República descreve Adriano Moreira, que foi ministro do Ultramar no Estado Novo e depois do 25 de Abril aderiu ao CDS, que liderou e pelo qual foi deputado, como uma "personalidade ímpar da vida política e académica portuguesa, às quais sempre se dedicou com excecional brilhantismo, arreigadas convicções e constante dedicação ao serviço público".
Na anterior legislatura, Adriano Moreira foi membro do Conselho de Estado, indicado pelo CDS-PP, por acordo com o PSD.
Nascido em 06 de setembro de 1922 em Grijó, Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, Adriano Moreira licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e doutorou-se pela Universidad Complutense de Madrid e pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).
À frente do Ministério do Ultramar, para o qual foi chamado por Salazar em 1961, fez uma série de reformas, sendo a mais simbólica a revogação do estatuto do indigenato.
Saiu do Governo em 1963, quando Salazar lhe pediu para mudar de política. Segundo conta o próprio Adriano Moreira, respondeu-lhe: "Acaba de mudar de ministro".
Passou depois pela presidência da Sociedade de Geografia, onde ficou até 1974, e à frente da qual promoveu o Movimento da União das Comunidades de Língua Portuguesa. E manteve-se à frente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Política Ultramarina, atual ISCSP, escola que ajudou a reformar introduzindo o estudo de diversas ciências sociais, até ser demitido pelo Governo de Marcello Caetano em 1969.
Regressou ao ISCSP em 1983, quando foi eleito presidente do Conselho Científico.
Em 1980, voltou à atividade política, integrando as listas do CDS nas legislativas daquele ano a convite de Freitas do Amaral e de Adelino Amaro da Costa. Em 1983 foi eleito presidente do Conselho Nacional do CDS e em 1986 chegou à liderança do partido, à frente do qual se manteve até 1988. No parlamento ficaria 14 anos.
Apesar dos cognomes de "senador" e "histórico do CDS", Adriano Moreira prefere ser reconhecido como académico.
"A minha vida foi a escola, sobretudo. A intervenção política foi mais por obrigação cívica", disse à Lusa, em 2012.
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