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Portugal "no fim de uma fase pandémica", mas com "desafios" no horizonte

Especialistas e políticos estão novamente reunidos no Infarmed, em Lisboa, para analisar a evolução da pandemia, numa altura em que Portugal está próximo de atingir a meta de 85% da população vacinada contra a Covid-19. Assista aqui em direto.

Portugal "no fim de uma fase pandémica", mas com "desafios" no horizonte
Notícias ao Minuto

15:12 - 16/09/21 por Melissa Lopes

País Pandemia

Coube ao especialista Pedro Pinto Leite, da Direção-Geral de Saúde, iniciar as apresentações, traçando o cenário atual da situação epidemiológica do país.

"A pandemia ao longo do último ano e meio teve quatro grandes ondas que são facilmente identificadas na figura (...) E atualmente encontramo-nos no fim da última onda, com 195 casos por 100 mil habitantes, numa tendência decrescente, com uma variação relativamente ao período homólogo de 26%. Encontramo-nos claramente no fim de uma fase pandémica, a incidência tem uma tendência decrescente e já nos encontramos abaixo dos 240 casos por 100 mil habitantes", enquadrou. 

A diminuição da incidência, disse, "é observada em todas as regiões", continuando a ser o Alentejo a região com maior incidência, "ainda que muito recentemente tenha baixado os 480 casos por 100 mil habitantes. Não há nenhum concelho no país com incidência acima dos 960 casos por 100 mil habitantes. Há 12 concelhos com incidência superior a 480/100 mil habitantes, o que corresponde apenas a 3% da população. 

A incidência também revela uma tendência decrescente em todos os grupos etários, continuou o especialista, "exceto no grupo etário até aos 9 anos onde ela é estável a decrescente". Pedro Pinto Leite destacou a "grande descida que ocorreu nos grupos etários dos 10 aos 19 anos e dos 20 aos 29 anos para valores inferiores a 480 casos por 100 mil habitantes", um dado de "extrema importância numa altura em que se iniciam as aulas"

A descida da incidência é acompanhada por uma diminuição da positividade, indicou, concluindo que tal mostra que mantendo a mesma capacidade de testagem, "estamos efetivamente a ter menos vírus em circulação e menos casos confirmados". Atualmente, a positividade é de 2,5%, abaixo do limiar de 4% definido pelo ECDC. 

No que toca aos internamentos, verifica-se um decréscimo de 15% em relação ao período de análise anterior, tanto nos internamentos totais como nos internamentos em Unidades de Cuidados Intensivos. O especialista realçou um "fenómeno interessante" relativamente às hospitalizações: "É visível o aumento do número de internamentos por Covid-19 após a introdução da variante Delta em Portugal. Este aumento teve um pico entre julho e agosto e, desde então, a descida do grupos etários mais velhos, 60, 70 e 80+, não tem acompanhado com a mesma velocidade" dos grupos etários inferiores.

"Esta diferença poderá ser explicada por uma diferença nos casos anteriormente" e também pelo facto de os mais velhos tendem a permanecer mais tempo no hospital. 

A taxa de mortalidade a 14 dias por milhão de habitantes encontra-se nos 13 óbitos, abaixo do limiar de 20 óbitos, com uma tendência decrescente e uma variação de menos 19% relativamente ao período homólogo. "Estes indicadores, e esta situação favorável, tem uma grande ligação ao sucesso que é a vacinação", salientou o especialista, destacando a cobertura vacinal nos jovens. 

O perito da DGS mostrou dados relativamente  aos casos de infeção  relacionando-os com a vacinação. No período em análise, por cada cinco casos de Covid-19, quatro não tinham o esquema vacinal completo, "o que demonstra a importância da vacinação". Da mesma forma, por 15 casos de Covid-19 internados em UCI, 14 não tinham o esquema vacinal completo".

Apontando que o risco de hospitalização e de morte é significativamente menor em pessoas vacinadas, o especialista declarou que "a vacinação contra a Covid-19 é um sucesso" e que "termina uma fase da pandemia", uma fase caracterizada por uma redução da incidência e com elevadas coberturas vacinais. 

Outono/inverno "traz alguns desafios". Eis os três cenários em cima da mesa

Todavia, a próxima fase - outono/inverno, "traz alguns desafios", entre os quais as baixas temperaturas e outros vírus respiratórios em circulação. Perante isso, como já tinha sido explicado por Graça Freitas, foram trabalhados três cenários à semelhança de outros países europeus. 

Os três cenários caracterizam-se por três fatores constantes (a efetividade vacinal; a cobertura vacinal e e dois momentos de aumento da mobilidade: a abertura das escolas e as festividades no Natal. 

Cenário 1 - O cenário "menos grave": Pressupõe a não existência de uma nova variante de preocupação e uma média de imunidade de três anos. Nível de resposta esperado. Sendo um cenário de transição, será preciso adequar as necessidades da população ao estado vacinal e à situação epidemiológica". 

Cenário 2 -É o cenário intermédio, "ligeiramente mais grave". Será caracterizado pela não existência de variante de preocupação e por uma imunidade com uma média de 1 ano. Nível de resposta de controlo e de contenção. 

Cenário 3 - O cenário "mais grave". É caracterizado pela existência de uma nova variante de preocupação e uma imunidade, em média, de um ano. Nível de resposta de mitigação. 

Por fim, o especialista defendeu ser fundamental manter a vigilância epidemiológica e monitorização especialmente das populações mais vulneráveis durante a próxima fase. Assim, pretende-se continuar com a "monitorização das linhas vermelhas"; continuar a monitorizar a cobertura vacinal e a efetividade da mesma contra a Covid-19 e, por último, manter atividades de rotina que se prendem com a saúde sazonal. 

Assista aqui ao encontro em direto:

Na semana passada, a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva, adiantou que neste encontro será debatida a nova etapa do processo de desconfinamento, num momento em que o país está próximo de concluir o plano de vacinação que arrancou no final de 2020 e a alcançar os 85% da população vacinada.

Apesar de não ter fornecido detalhes sobre o que vai acontecer quando Portugal atingir esse patamar, Mariana Vieira da Silva advertiu, mesmo assim, que a partir de outubro, o país vai ter de continuar a conviver com algumas "medidas obrigatórias" e com recomendações da Direção Geral da Saúde.

Na quarta-feira, em Roma, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, manifestou-se "feliz" por participar na reunião de hoje com "a melhor situação" relativa à pandemia "em ano e meio".

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