Nem tudo correu bem na comunicação da Covid-19, diz Francisco George
Francisco George, ex-diretor-geral da Saúde e especialista em saúde pública, diz que no combate à pandemia de covid-19 na área da comunicação "nem tudo correu bem".
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País Covid-19
Em entrevista à Agência Lusa, afirma que a comunicação sobre a covid-19 terá de no futuro ser analisada, mas deixa uma certeza, a de que "a comunicação não foi a melhor".
E não o foi "quer por parte de autoridades do Governo quer por outros", diz.
"Eu mesmo tive dificuldade em compreender a versatilidade das medidas semanais em função deste ou daquele indicador, se eram quatro pessoas à mesa se eram seis, se era dentro se era fora, se como máscaras sem máscara", diz.
No auge da pandemia de covid-19 diz Francisco George que se criou confusão porque foram sendo anunciadas e comunicadas questões sucessivamente, anulando outras anteriores.
"Penso que não terá sido a melhor" comunicação, reafirma, considerando no entanto que, mesmo assim, sobretudo os comerciantes e a restauração terão percebido, de maneira geral, essas medidas.
"Nem tudo foi mau, mas a esse nível poderíamos ter feito mais e melhor", diz Francisco George na entrevista à Lusa, na sede da Cruz Vermelha Portuguesa, entidade a que preside atualmente.
O ex-diretor-geral afirma que também não queria ser ele a estar nesse papel. Francisco George esteve no cargo entre 2005 e 2017, sendo substituído pela atual responsável, Graça Freitas. O novo coronavirus surgiu dois anos após ter deixado o lugar.
Na entrevista o antigo responsável pela pasta (Graça Freitas era diretora adjunta) não critica, antes elogia, o trabalho nesta matéria da sua sucessora e da ministra da Saúde, Marta Temido.
Francisco George ri-se quando confrontado com a pergunta se em algum momento pensou que era bom estar ele ainda no lugar e na "linha da frente" da luta contra a pandemia: "O meu pensamento foi sempre mais egoísta, foi no sentido de ´ainda bem que não estou lá´".
"Sou muito amigo e reconheço grande competência à ministra da Saúde, reconheço competência muito elevada à minha sucessora, com quem eu sempre trabalhei. Tenho imensa confiança na Direção-Geral da Saúde, nos governantes, sobretudo neste caso concreto o Ministério da Saúde. Estou absolutamente tranquilo. E penso que o meu egoísmo é compreensível, ninguém com bom senso gostaria de estar no inferno que vivemos", declarou.
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