Florêncio de Almeida, motorista do ex-banqueiro João Rendeiro, comprou um apartamento no mesmo condomínio de luxo do patrão - na Quinta Patino, em Cascais -, por 1,15 milhões de euros, revela a SIC Notícias, que avança ainda que este "cedeu" o direito de viver na habitação à mulher do ex-presidente do Banco Privado Português (BPP).
Uma investigação do canal aponta ainda que a propriedade pertencia à Caixa Geral de Depósitos e que Florêncio de Almeida a comprou a pronto.
"Não se sabe" quem viveu no apartamento entre 2018 e 2020, mas, "em dezembro de 2020, num contrato-promessa Florêncio de Almeida promete alienar o usufruto do apartamento, por cerca de 201 mil euros" a Maria de Jesus Rendeiro, mulher de João Rendeiro.
Recorde-se que o Tribunal Criminal de Lisboa emitiu, no passado dia 2, um segundo mandado de detenção europeu e internacional para o antigo presidente do BPP, João Rendeiro, que se encontra no estrangeiro e em parte incerta, fugindo à justiça.
João Rendeiro já tinha sido há dias alvo de um primeiro mandado de detenção europeu e internacional, para aplicação da medida de coação de prisão preventiva no âmbito de um outro processo do BPP em que foi condenado a pena de prisão por burla qualificada.
O motorista de João Rendeiro comprou um apartamento no mesmo condomínio de luxo do patrão por 1,15M€, em Cascais, mas cedeu à mulher do ex-banqueiro o direito de lá viver.
— José Gusmão (@joseggusmao) October 7, 2021
A classe, meus amigos, a classe. É esta classe de aldrabões que manda nisto tudo.https://t.co/9u8XwG4qkh
O primeiro mandado de detenção foi emitido após a juíza do Juiz 5 considerar que João Rendeiro não tinha intenção de revelar o seu paradeiro no estrangeiro, tendo contornado "ostensivamente" a obrigação legal de informar sobre o lugar onde poderia ser encontrado.
O ex-banqueiro, lembre-se, diz que não pretende regressar a Portugal por se sentir injustiçado e vai recorrer a instâncias internacionais. Num artigo publicado no seu blogue Arma Crítica, revela que já pediu ao advogado para comunicar a decisão à justiça portuguesa e diz que se tornou "bode expiatório de uma vontade de punir os que, afinal, não foram punidos".
O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, verificou-se em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa. Apesar da pequena dimensão do BPP, o caso teve importantes repercussões devido a potenciais efeitos de contágio ao restante sistema quando se vivia uma crise financeira.
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