"Para fazermos face ao acumulado de pedidos dos portugueses que aqui vivem, tomámos algumas medidas para ter maior capacidade de resposta", disse o novo cônsul-geral, em entrevista à Lusa. "Duplicámos as marcações, aumentámos as visitas consulares aos principais polos da comunidade portuguesa na Califórnia, e com isso esperamos, dentro de alguns meses, conseguir estar em velocidade cruzeiro", indicou.
As dificuldades de acesso a atos consulares durante a pandemia de covid-19 geraram reclamações na comunidade, com algumas organizações, incluindo o Conselho de Liderança Luso-Americano (PALCUS), a apelarem ao gabinete da secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, Berta Nunes, que tomasse medidas.
Pedro Pinto, que substitui Maria João Lopes-Cardoso na posição de cônsul-geral, iniciou o seu mandato com um périplo pelas principais zonas de concentração de portugueses e luso-americanos na Califórnia, onde há uma estimativa de 350 mil pessoas de origem portuguesa.
"É ainda mais impressionante do que tinha noção a dimensão, a história e a relevância atual da comunidade portuguesa", frisou o cônsul, sublinhando que a Califórnia "é o estado que tem mais portugueses" nos Estados Unidos.
Além da recuperação no ritmo dos serviços consulares, Pedro Pinto indicou que outras áreas de foco serão a promoção da língua e da cultura portuguesas e ainda dos interesses económicos de Portugal, "seja a atração de investimento direto estrangeiro da Califórnia para Portugal, seja a promoção das exportações portuguesas para a Califórnia".
Esta promoção é feita em coordenação com a equipa da AICEP -- Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal - que está integrada no consulado de São Francisco.
"Há investimento relevante oriundo da costa oeste em Portugal, em setores tão diversificados como a biotecnologia e a produção de amêndoas", referiu o cônsul. "Há também interesse dos portugueses na Califórnia", continuou, frisando que há várias oportunidades a apresentarem-se.
"Esse grande interesse que sentimos da parte dos californianos dá uma margem de progressão que temos de saber aproveitar", considerou.
Embora ressalvando que este é um mercado "muito competitivo" e nada fácil, Pedro Pinto falou de um enorme potencial.
"Não é um mercado onde se meta o pé para medir a temperatura. A distância e vários outros fatores fazem com que seja exigível uma ação estratégica", indicou. No entanto, "quando se tem sucesso aqui isso é muito promissor. Em Silicon Valley é onde se está a escrever o futuro. Conseguir ter sucesso aqui abre portas para um potencial de crescimento muito grande".
O diplomata sublinhou, nesse âmbito, a importância do voo direto da TAP entre São Francisco e Lisboa, que aproxima os dois mercados. "É uma grande mais-valia para promovermos o turismo, e com as pessoas vêm as oportunidades e vêm os negócios", afirmou.
Além disso, "há muitos americanos que consideram Portugal como o 'new office'", disse, referindo que a explosão do trabalho remoto em virtude da pandemia de covid-19 aumentou a atratividade do país para relocalização de estrangeiros. "Portugal é um sítio que oferece condições excecionais para essas pessoas que têm maior mobilidade".
Do outro lado, Pedro Pinto realçou o sucesso que os emigrantes portugueses têm tido na Califórnia e o seu impacto no estado. "Em Portugal, muitas pessoas não têm noção da dimensão e da relevância da comunidade portuguesa na costa oeste, e aqui os americanos também não têm consciência da relevância dos portugueses nesta região", disse.
"Conseguem conjugar, por um lado, uma integração muito boa, e ao mesmo tempo mantêm muito viva a ligação a Portugal", disse, referindo ainda o facto de haver três congressistas lusodescendentes que são eleitos na Califórnia: Jim Costa, David Valadão e Devin Nunes.
Com uma longa carreira na diplomacia portuguesa, Pedro Pinto estava colocado na Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER), em Bruxelas, antes de ser nomeado cônsul-geral de Portugal na Califórnia.
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