Questionado pelos jornalistas, à saída de um encontro organizado pelo International Club of Portugal, em Lisboa, sobre um eventual futuro político, reagiu: "Sou um militar, fiz a minha função. E agora estou nas minhas funções anteriores militares, com muito gosto."
Já antes, no almoço/debate "O processo de vacinação contra a covid-19 em Portugal", no qual foi orador, o adjunto para o Planeamento e Coordenação do Estado-Maior General das Forças Armadas tinha confessado, perante uma centena de pessoas, esperar não se "deixar cair na tentação" da política. "Se isso acontecer, deem-me uma corda para me enforcar", pediu, com humor.
"Não tenho de preparar o meu papel [para um cargo futuro]. Eu sou um militar e o papel é o que me derem", posicionou.
"A democracia não precisa de militares", sublinhou. "Gosto muito de ser militar, mas o militarismo excessivo não faz sentido", especificou.
Gouveia e Melo recordou ainda, com graça, quando começaram a referir-se à sua pessoa como "eventualmente presidenciável".
Isso colocou-o "na arena política" e gerou uma "desfocagem do que era essencial", que resolveu sendo "bruto" demais para ser candidato político. "Estratégia", portanto.
Questionado também em relação às declarações de Paulo Rangel, candidato à liderança do PSD, que, em entrevista à RTP, na quarta-feira, lhe atribuiu o êxito da vacinação -- e não ao Governo --, respondeu: "O êxito da vacinação deve-se a todo o povo português, no seu conjunto, desde população, ao Governo, à 'task force', aos enfermeiros, a todas as pessoas que participaram. Sem os portugueses não tínhamos conseguido atingir mais de 85 por cento de vacinação completa. Portanto, deve-se a toda a gente, não há exclusões, nem positivas, nem negativas."
Sobre a situação pandémica, o vice-almirante considerou que "a ferida já não está aberta", o que não impede que todos tenhamos de continuar a ter "cuidado".
Sobre o momento atual, disse: "Só comento as coisas que me dão enquanto missão e já não é a minha missão."
No que diz respeito à vacinação de crianças nos Estados Unidos, Gouveia e Melo frisou que "um país que tem 70 por cento de pessoas vacinadas precisa de aumentar a sua percentagem de vacinação".
Ora, nesse caso, "se tiver que ir vacinar pessoas mais novas para o fazer vai tentar fazer isso, é uma estratégia racional", opinou.
Mas o vice-almirante não vê esse cenário em Portugal, pelo menos para já. "Julgo que só se se chegar à conclusão que os 85, 86 por cento da população completa não foram suficientes", sublinhou.
O importante, nesta altura, é saber que "a guerra global não está vencida" e é preciso "dar vacinas a quem precisa e não voltar a vacinar quem já não precisa". E insiste: "Não há seres humanos descartáveis."
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