Força Aérea promoveu caça ao javali em Alcochete autorizada pelo ICNF
A Força Aérea Portuguesa realizou diversas ações de caça ao javali no Campo de Tiro de Alcochete para efeitos de controlo populacional desta espécie, com autorização do Instituto da Conservação da Natureza, afirma hoje o ramo, em comunicado.
© Lusa
País Caça
A FAP reconheceu a existência de um processo de investigação em curso que levou a buscas no interior das suas instalações, em meados de junho, informação avançada pela CNN Portugal e já confirmada pela Polícia Judiciária Militar (PJM) e pela Procuradoria-Geral da República.
Sobre este processo, a FAP afirma-se "empenhada e interessada na descoberta da verdade", e que "colabora com as autoridades judiciárias (PJM) na investigação" e, por o processo ainda estar em curso "não presta quaisquer declarações que a possam prejudicar".
Contudo, avança no mesmo comunicado que realizou, no Campo de Tiro de Alcochete, diversas ações de caça ao javali com a autorização do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) visando a necessidade de "prevenir e minimizar danos na fauna e perturbação da atividade operacional" e que as ações foram "de caráter excecional".
"No Campo de Tiro, devido à sua natureza e à proteção conferida pela condição de unidade militar, é característica a proliferação de espécies cinegéticas que, quando atingem valores muito elevados, provocam risco para as atividades operacionais", sublinha a FAP.
Segundo o ramo, o aumento descontrolado de algumas destas espécies "tem provocado desequilíbrios ecológicos que, além de poderem levar à redução e eliminação de outras espécies, causam prejuízos diversos nas instalações e áreas do Campo de Tiro" e nas áreas adjacentes.
Verifica-se "a necessidade permanente de controlo da densidade de algumas espécies cinegéticas para manter este equilíbrio ecológico, não só nos próprios terrenos da Unidade, mas também nas áreas adjacentes que sofrem o impacto da elevada densidade de algumas espécies", refere o ramo.
Para estes controlos, a FAP recorreu a "ações de correção de densidade de espécies cinegéticas, exclusivamente javalis, por forma a prevenir e minimizar danos na fauna e perturbação na atividade operacional".
Detalhando os procedimentos, a FAP adianta que submeteu ao ICNF "diversos pedidos, tendo sempre sido autorizados, o que permitiu a realização de ações de correção de densidade de javalis, sempre comunicadas às entidades competentes e garantido o cumprimento do estipulado na legislação aplicável".
Segundo a Força Aérea, os procedimentos seguiram a lei de Bases Gerais da Caça, (lei 173/99), e o decreto-lei que a regulamenta (decreto-lei 202/2004) bem como uma norma interna que estabelecer "os procedimentos e responsabilidades para a realização de ações de controlo cinegético".
A CNN Portugal noticiou hoje que em causa estão "suspeitas de corrupção, além de outros crimes, investigados a partir de uma pista relacionada com eventos de caça, semiclandestinos, realizados em plena reserva militar do Campo de Tiro de Alcochete, sob a tutela do Estado-Maior da Força Aérea".
Este órgão de comunicação social noticia ainda que a investigação "partiu de denúncias internas" e "aponta para favorecimento, ao mais alto nível, a empresários que são convidados para caçadas, acompanhados de altas patentes militares, nomeadamente generais".
De acordo com a CNN Portugal, além dos indícios de que aquela atividade ali ocorre "à revelia do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas", existem "suspeitas de contrapartidas financeiras para os responsáveis militares, uma vez que os convidados em causa gerem empresas que têm contratos públicos celebrados com as Forças Armadas".
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