Problema da semana de contenção é "ser daqui a seis semanas"
Francisco Louçã comentou, no espaço de opinião à sexta-feira na SIC Notícias, as medidas ontem anunciadas pelo Governo e defendeu que "seria um enorme fracasso" não começar já a redobrar os cuidados.
© Global Imagens
Política Francisco Louçã
O fundador e antigo coordenador do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, considerou hoje que "seria um enorme fracasso" não começar já "com medidas mais cuidadosas", em vez de esperar por janeiro para aplicar uma "semana de contenção".
"Há uma questão que me parece muito problemática que é a semana de contenção em janeiro: é porque ela é daqui a seis semanas", afirmou, no seu habitual espaço de comentário, às sextas-feiras, na SIC Notícias.
Para Louçã, "se antecipamos que vai haver um grande aumento de contágios com as festas natalícias e com o movimento do mês de dezembro", o "mais sensato" seria aplicar medidas mais difíceis ou ir monitorizando de 15 em 15 dias a situação.
"O que não se pode fazer é voltar à vida normal", defende, e depois ter um período de "jejum".
Para o comendador, a ideia que passa é que o Governo espera que tudo corra bem e, se não correr, há ali a semana de contenção.
Louçã acrescentou que as restantes medidas que o Governo apresentou "são razoáveis", apesar de terem provocado "reações excessivas", como as das companhias aéreas.
"Parece razoável a necessidade de ter máscaras nos espaços fechados, parece razoável acelerar a testagem, acelerar a vacinação com as doses de reforço", enumerou, apresentando, porém, dúvidas quanto à vacinação das crianças antes de haver mais dados.
Quanto às declarações da ministra da Saúde, que causaram polémica esta semana e suscitaram reações da Ordem dos Médicos e dos Sindicatos, o bloquista apontou que "a ministra sabe perfeitamente que os profissionais de saúde estão pressionados e são obrigados a trabalhar para além dos limites aceitáveis".
No entanto, também sabe que "faz parte de um Governo que ofereceu aos profissionais de saúde 500 horas extraordinárias".
"A resiliência que o Governo impõe é uma tragédia do ponto de vista das relações humanas. A ministra depois corrigiu e, desse ponto de vista, ficou claro que ela não consegue fazer aquilo que queria e que acha que é necessário e que o Governo despreza do ponto de vista estrutural", concluiu.
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