Horas depois de ter sido conhecido o despacho de acusação do Ministério Público visando o motorista do automóvel em que seguia Eduardo Cabrita, no caso do trabalhador atropelado mortalmente na A6, o ministro marca uma comunicação à imprensa para as 17h30.
Numa primeira reação ao despacho, Eduardo Cabrita afirmou que se trata de o "Estado de Direito a funcionar", defendendo ser apenas "um passageiro" no caso.
"Eu sou passageiro. [A investigação] é o Estado de Direito a funcionar", afirmou em resposta aos jornalistas no final da cerimónia de inauguração do Posto Territorial de Lagos, da Guarda Nacional Republicana.
"É essa a confiança que sempre tenho nas instituições", acrescentou. Eduardo Cabrita disse ainda que "estamos a falar do atravessamento de uma vida não sinalizado" e afirma que "é neste quadro que todo o esclarecimento de factos deve ser apurado".
O ministro sustentou que "o esclarecimento dos factos tem de ser feito" sem se recorrer a um "repugnante aproveitamento político de uma tragédia pessoal".
O motorista do carro onde seguia o ministro da Administração Interna e que atropelou mortalmente um trabalhador na A6, recorde-se, foi acusado de homicídio por negligência, segundo despacho de acusação do Ministério Público hoje divulgado.
Cabrita não é "um mero passageiro"
O advogado da família da vítima, José Barros, vincou aos jornalistas que a "justiça passa sempre por uma compensação digna a estas duas adolescentes e à viúva, que ficaram sem o principal meio de sustento".
Confrontado com as reações do ministro, o advogado atirou: "São declarações que eu nem sequer gostaria de comentar. É evidente que é um passageiro, mas é um passageiro que determina a deslocação de todos os outros passageiros, e até do condutor". José Barros defende que Cabrita "deve assumir o caso".
"Eu, no caso dele, assumiria o caso". Reforçando que o ministro não é um "mero passageiro", mas sim o passageiro que determina que "haja uma viatura do lado direito a fazer-lhe segurança, por isso é que a outra vinha do lado esquerdo", afirmou, lembrando que a via estava sinalizada "como se comprovou".
Para a família, "a situação ainda é muito traumática", disse ainda o advogado.
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