"Não faz sentido nesta fase da legislatura apresentar esse trabalho, esse trabalho será entregue ao próximo Governo, qualquer que ele seja, esperemos que para lhe dar continuidade", afirmou.
João Gomes Cravinho falava à agência Lusa à margem da entrega do 1º Prémio da Direção-Geral de Política de Defesa Nacional, que decorreu hoje no Salão Nobre do Ministério da Defesa, em Lisboa.
"Este trabalho de reflexão sobre como é que nós podemos monitorizar a condição militar é uma noção que surgiu sobretudo nos debates sobre a estrutura superior das Forças Armadas, a consciência de que precisamos de instrumentos novos, que não temos, instrumentos que envolvam outras partes da vida política, nomeadamente a Assembleia da República", explicou.
O governante ressalvou que este é um trabalho que "começou a ser feito há uns meses" antes de se saber que a legislatura atual iria ser "tão curta".
"O importante é que se avance o mais possível durante estas semanas que nos faltam e que haja depois um trabalho o mais completo, mas nunca finalizado, para ser entregue a quem de direito depois na constituição do XXIII Governo Constitucional", concluiu.
A ideia de criar um organismo independente para avaliar a condição militar, assumida no início de dezembro pelo ministério da Defesa, foi criticada pela Associação de Oficiais das Forças Armadas, que advogou que tal entidade não vai resolver problemas, mas "antes adiar a sua resolução".
O ministro presidiu hoje à entrega da primeira edição do Prémio da Direção-Geral de Política de Defesa Nacional (DGPDN), que tem como objetivo promover o desenvolvimento de trabalhos de investigação sobre política de Defesa. Foram premiados dois trabalhos, um sobre o Fundo Europeu de Defesa e outro sobre a "terceira década da agenda Mulheres, Paz e Segurança".
"Temos desde sempre investigação que é feita no âmbito das questões da Defesa Nacional, no âmbito das Forças Armadas. Mas atualmente temos uma consciência muito viva da necessidade de incentivar um maior diálogo entre a sociedade civil e as preocupações da Defesa Nacional", apontou.
Gomes Cravinho referiu-se ainda a um dos trabalhos que mereceu uma menção honrosa para abordar a temática dos adidos militares.
"Aquilo que estamos a procurar fazer é estimular a transição de um trabalho que tradicionalmente era um trabalho do adido militar, num sentido mais restrito para a promoção de relações entre FA portuguesas e FA do pais anfitrião, para o adido de Defesa, preocupado mais com questões no âmbito estratégico, uma pessoa capaz de fazer uma leitura das preocupações estratégicas do país onde está inserido. Também capaz de trabalhar no âmbito das relações de indústrias de defesa, ou seja, questões que não pertencem à esfera do tradicional adido militar mas que são absolutamente fundamentais", explicou.
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