"Nada justifica que não se 'massacre' não vacinados com a evidência"
Constitucionalista lembra que "a liberdade de uns termina onde começa a liberdade alheia". Isto é, "a liberdade de não se vacinar ou o direito a morrer na pandemia não podem prevalecer sobre o direito à vida e à saúde dos outros", argumenta.
© Global Imagens
País Vital Moreira
O constitucionalista Vital Moreira afirma ser favorável a que a vacinação contra a Covid-19 se torne obrigatória, lembrando que "a liberdade de uns termina onde começa a liberdade alheia". O mesmo é dizer que "a liberdade de não se vacinar ou o direito a morrer na pandemia não podem prevalecer sobre o direito à vida e à saúde dos outros".
Num artigo publicado no blogue Causa Nossa, o ex-eurodeputado do PS fundamenta a sua posição com o facto de a eficácia da vacina estar comprovada, assim como comprovada está a ausência de danos colaterais.
Os dados mostram que é "evidente que os não vacinados são, de longe, os que mais precisam de hospitalização e que mais contam no número de vítimas mortais do Covid", acrescenta, referindo não perceber "porque é que o Governo não explora diariamente esses dados para pressionar as pessoas a vacinarem-se".
O constitucionalista diz ser "pessoalmente favorável" à ideia de tornar a vacinação obrigatória, "pelo menos para as pessoas cuja funções as colocam em contacto frequente com outras (pessoal de saúde e do ensino, polícias, taxistas, empregados de lojas, cabeleireiros e restaurantes, caixas em supermercados, etc.), quer pelo facto de os não vacinados contaminarem mais, pondo mais em causa a saúde alheia, quer porque sobrecarregam os serviços de saúde, pagos por todos, obrigando a desviar recursos do tratamento de outras doenças".
No entender do professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, se o Governo e os partidos entendem que não há condições políticas para sancionar a recusa da vacinação, "nada justifica que não se 'massacre' diariamente os não vacinados com a evidência da sua irresponsabilidade moral e do abuso provocatório da sua suposta liberdade individual".
Em Portugal, de acordo com os dados hoje atualizados, 8,6 milhões de pessoas têm a vacinação contra a Covid-19 completa e 2,6 milhões já contam com a dose de reforço.
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