Miguel Prudêncio, investigador do Instituto de Medicina Molecular, defende que esta não é a altura certa para permitir imunidade natural contra a Covid-19 através da infeção descontrolada do vírus, como sugeriu, por exemplo, o virologista Pedro Simas.
Embora reconheça que este é um "momento-chave" da pandemia, o especialista afirmou esta sexta-feira, na SIC Notícias, não considerar "prudente que se permita a imunidade natural através da infeção descontrolada" do SARS-Cov-2 nesta altura porque "há um elemento que ainda não temos a certeza de como se comporta: qual é a percentagem de casos graves da doença que acontecem em pessoas infetadas com a Ómicron". Para o investigador, a "chave" está em conhecer esta percentagem, o que acredita que venha a acontecer dentro de duas ou três semanas. Mas, para já, "é cedo", frisou.
Se a percentagem for "muito baixa", deixar a infeção acontecer vai conferir a imunidade natural, "sem se traduzir em consequências graves" para os infetados. No entanto, se a percentagem for mais elevada, "então não podemos deixar a infeção espalhar-se sem controlo, porque isso ia corresponder a um número de casos graves da doença que não seria também aceitável", explicou.
Seja como for, há "uma forma" de baixar a percentagem de doentes infetados com a Ómicron que resulta em casos graves: o reforço da vacinação.
A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, defendeu esta semana que a estratégia de imunização natural contra a Covid-19 comporta um risco de pressão sobre os serviços de saúde e um "risco individual" porque há casos que têm "um desfecho menos favorável".
Portugal, à imagem do que tem acontecido diariamente noutros países, registou ontem um novo máximo de novos casos ao somar perto de 30 mil novas infeções, devido à disseminação da Ómicron, uma variante mais transmissível do que as anteriores. Espera-se, aliás, que Portugal atinja os 37 mil casos diários na primeira semana de janeiro, podendo mesmo chegar aos 50 mil ao longo do mês.
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