O ator Herman José lamentou hoje a morte do realizador, programador e crítico de cinema Lauro António, recordando "memórias de um homem bom", que inspirou Lauro Dérmio, uma das mais conhecidas personagens do programa 'Herman Enciclopédia', de 1997.
"Lauro António 1942-2022. Memórias de um homem bom", lê-se na página oficial de Herman José na rede social Facebook, acompanhando o excerto de um encontro com o realizador no programa que o ator mantinha em nome próprio, na RTP1, em 2010, e no qual ambos falam da idade e da passagem do tempo.
"Sinto-me muito mais novo", afirmou então Lauro António, por oposição à imagem que encontrava no espelho.
Na rede Instagram, Herman José recorda "um amigo, um homem de bem, um apaixonado pelo cinema e pela vida", e termina com a 'deixa' recorrente de Lauro Dérmio em 'Hermam Enciclopedia' - "let's look at a treila..." -, inspirado no programa 'Lauro António apresenta', que o cineasta mantinha na televisão pública, no final da década de 1990.
Lauro António, de 79 anos, morreu hoje de manhã, na casa onde residia, em Lisboa, em consequência de um ataque cardíaco fulminante.
O funeral realiza-se na sexta-feira, a partir das 14:15, para o cemitério dos Olivais, em Lisboa.
Nascido em Lisboa, a 18 de agosto de 1942, Lauro António de Carvalho Torres Corado passou a infância e parte da adolescência em Portalegre e formou-se em História, na Universidade de Lisboa.
Na década de 1960, ainda na Faculdade de Letras, foi crítico de cinema nos jornais República e Diário de Lisboa, na revista Plateia, e, depois, noutras publicações como Diário de Notícias e Se7e. Foi também membro do Cine-Clube Universitário de Lisboa e dirigente do ABC Cine-Clube.
Lauro António assinou o primeiro filme profissional em 1975, quando rodou a 'curta' documental "Vamos ao Nimas", sobre os cinemas de Lisboa, mas o mais conhecido dos seus filmes seria a adaptação do romance "Manhã Submersa" (1980), de Vergílio Ferreira, que também deu origem a uma série de televisão.
A intensa atividade em torno do cinema levou Lauro António a programar várias salas, colaborar com a RTP e a RDP, publicar ensaios, dirigir festivais em Portalegre, Seia, Viana do Castelo e em Famalicão, e lecionar, consecutivamente, em cursos sobre cinema.
Nos anos 1990, estreou-se como encenador, com a peça 'Encenação', no Teatro de Animação de Setúbal, mas ficou mais conhecido sobretudo pelo programa televisivo 'Lauro António apresenta', título que recuperou para um blogue que atualizava com regularidade, com crítica sobre cinema.
Na atividade mais recente, destacam-se os ciclos de cinema em Setúbal, na Casa das Imagens, que acolheu o seu espólio.
É autor de livros como 'Cinema e Censura em Portugal' e 'O Cinema entre Nós'.
Em 2018, Lauro António recebeu o Prémio Carreira do Fantasporto, foi distinguido pela Academia Portuguesa de Cinema com um prémio Sophia de carreira e foi condecorado pelo Presidente da República com o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
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