O impacto da pandemia refletiu-se, também, no cancelamento de intervenções cirúrgicas, que, apesar dos avanços feitos no ano passado, ainda estão por agendar. Na verdade, cerca de 206 mil pessoas ainda aguardam cirurgia, e muitas outras permanecem sem diagnóstico.
Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, destaca à RTP que nem todas as áreas conseguiram obter valores semelhantes aos de 2019, como é o caso das consultas presenciais nos cuidados de saúde primários, mas que se verifica “alguma normalização”, principalmente no número de consultas e de cirurgias.
Na verdade, dados da Administração Central do Sistema de Saúde indicam que, em 2021, foram realizadas 708 mil cirurgias, valor que, apesar de tudo, não foi suficiente para compensar as 120 mil que ficaram por fazer em 2020.
Há ainda também diagnósticos por fazer “na oncologia, na área das doenças crónicas, como a diabetes, insuficiência cardíaca, [e] hipertensão arterial, o que significa que estes doentes ainda não recuperámos”, esclarece.
O responsável defende, assim, um “programa excecional para recuperar doentes”, que envolva “700 ou 800 mil [pessoas]” nos rastreios. O objetivo passaria por “apertar na malha, no sentido de ‘apanhar’ mais pessoas que ainda não têm diagnóstico, que ainda não estão em listas de espera, que não sabemos quem são”.
“É recuperável? Eu já não sei se é recuperável. Tenho de tentar recuperar o máximo que puder recuperar”, complementa.
Num altura em que milhares de pessoas permanecem fora do sistema, um diagnóstico mais rápido permitiria, “provavelmente, um tratamento curativo, no caso de doenças oncológicas, e, no caso dos diabetes, começar imediatamente a tratar uma doença que, se não começar a ser tratada cedo, pode ter complicações graves”.
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