Em declarações aos jornalistas, no final da visita, que não foi oficialmente divulgada pela Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que esta foi uma "iniciativa conjunta" e teve "uma razão próxima: o novo embaixador junto da Santa Sé vai apresentar credenciais dentro de dias ao papa".
Segundo o chefe de Estado, "nessa ocasião é inevitável que um tema cimeiro seja o das jornadas do ano que vem" e Domingos Fezas Vital, nomeado para o cargo em dezembro, poderá assim dar conhecimento ao papa Francisco do que viu no terreno.
"Para o senhor embaixador era fundamental não apenas ter ouvido mas ter conhecido e poder dizer ao papa Francisco: lá estivemos, pode estar calmo, sua santidade, eu vi o terreno, percorri-o todo como está. E depois explicar as questões todas técnicas", considerou.
Questionado se o papa poderá intervir diplomaticamente para tentar pacificar a situação na Ucrânia, o Presidente da República respondeu que "se há quem tenha feito intervenções públicas tem sido o papa Francisco", acrescentando: "Se tem essas intervenções públicas, nós imaginamos o que não haverá da parte do papa e da Santa Sé em termos de intervenções diplomáticas discretas".
Em seguida, passou a palavra aos presidentes das câmaras municipais de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas, e de Loures, o socialista Ricardo Leão, pedindo-lhes que falassem do projeto em curso nos respetivos terrenos em frente ao Tejo.
Durante esta visita, Marcelo Rebelo de Sousa fez corta-mato e caminhou, com ervas pelos joelhos, até ao lugar onde está previsto ficar o altar a que papa irá subir na Jornada Mundial da Juventude, no início agosto de 2023, numa zona de aterro entre a ponte Vasco da Gama e o rio Trancão.
"O sítio é lindo. O cenário é uma maravilha", comentou.
Atrás do chefe de Estado seguia uma comitiva que, além dos autarcas de Lisboa e de Loures, incluía, entre outros, o bispo auxiliar de Lisboa Américo Aguiar e José Sá Fernandes, designado pelo Governo coordenador do Grupo de Projeto para a Jornada Mundial da Juventude de 2023.
Sá Fernandes disse que "o papa vai estar a doze metros" de altura no palco -- Marcelo Rebelo de Sousa interrogou se não serão "muitos lugares para subir" -- e assinalou que a seguir ao encontro católico do próximo ano aquela área "vai ser um parque", tanto em Lisboa como em Loures.
Em janeiro de 2019, o Presidente da República participou na Jornada Mundial da Juventude, com o papa Francisco, no Panamá, onde foi anunciado que a próxima edição deste encontro católico seria em Portugal, em 2022. A iniciativa foi adiada um ano devido à pandemia de covid-19.
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