Soares criticaria PS por entregar "memória do 25 de Novembro à Direita"

O jornalista e ensaísta Joaquim Vieira considera que o histórico líder socialista Mário Soares seria crítico do PS por ter "entregado a memória do 25 de Novembro à direita".

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Lusa
24/11/2024 10:43 ‧ há 2 horas por Lusa

Política

25 de Novembro

"Provavelmente também criticaria o PS. Ele não se eximiu de criticar o seu próprio partido depois de ter saído da liderança, várias vezes, e acharia que o PS também cometeu erros neste aspeto, porque entregou, digamos assim, a memória do 25 de Novembro à direita e não o devia ter feito", considerou Joaquim Vieira, em declarações à agência Lusa.

 

O jornalista e ensaísta é também autor de uma biografia de Mário Soares, agora atualizada com novos factos do final da vida do ex-Presidente da República, editada pela Leya - Dom Quixote, que acaba de ir para as livrarias por ocasião do 100.º aniversário do seu nascimento, a 07 de dezembro.

Joaquim Vieira salientou que "o PS esteve do lado dos vencedores no 25 de Novembro" mas atualmente os socialistas "esquecem-se um pouco disso".

"Portanto, acho que o Mário Soares não gostaria que o PS tivesse a atitude que está a ter neste domínio, neste capítulo em particular", disse.

Mário Soares, segundo Joaquim Vieira, seria igualmente "um crítico muito feroz do revisionismo que a direita está a fazer atualmente sobre o que é que foi o 25 de Novembro".

O ensaísta afirmou que já na altura "havia um certo revanchismo da direita a querer que o 25 de Novembro fosse uma coisa que não foi", que hoje está mais acentuado, e considerou importante lembrar o papel de Melo Antunes, do chamado "Grupo dos Nove", composto ainda por Vasco Lourenço, Pezarat Correia, Franco Charais, Canto e Castro, Costa Neves, Sousa e Castro, Vítor Alves e Vítor Crespo.

"A linha que triunfou do 25 de Novembro foi de facto a linha defendida pelo Melo Antunes, e depois também naturalmente pelo Ramalho Eanes, que foi a comandante operacional do 25 de Novembro", acrescentou.

A Assembleia da República vai realizar na segunda-feira uma sessão solene evocativa da operação militar do 25 de Novembro de 1975, que terá honras militares e será encerrada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O PCP já anunciou que não estará presente e o BE estará representado com apenas uma deputada.

Os acontecimentos do 25 de Novembro de 1975, em que forças militares antagónicas se defrontaram no terreno e venceu a chamada ala moderada do Movimento das Forças Armadas (MFA), marcaram o fim do chamado Processo Revolucionário Em Curso (PREC).

Soares, nascido a 07 de dezembro de 1924, foi uma das principais figuras da resistência ao regime do Estado Novo, primeiro-ministro de três governos constitucionais (1976/1978, 1978 e 1983/1985) e chefe de Estado entre 1986 e 1996.

O centenário do seu nascimento também vai ser assinalado com uma sessão solene na Assembleia da República, além de um vasto programa que decorre até ao final de 2025 e que irá estender-se a vários pontos do país com exposições, edições literárias e iniciativas culturais.

Leia Também: Soares foi "um grande vencedor", mas recusaria sessão do 25 de Novembro

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