Após o encontro com o primeiro-ministro, António Costa, a embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets, revelou que o país espera um "sinal forte" quanto à sua adesão à União Europeia (UE), não só dos membros do bloco, mas particularmente de Portugal. A diplomata colocou também em cima da mesa eventuais sanções contra cidadãos russos aliados do presidente russo, Vladimir Putin, com nacionalidade portuguesa, como é o caso de Roman Abramovich, proprietário do clube inglês Chelsea.
"Esperamos que durante as reuniões da UE os membros decidam que a Ucrânia tem uma perspetiva europeia. Isso é muito importante para o nosso país, que está a lutar heroicamente pela preservação da sua soberania, contra o agressor russo", sublinhou Inna Ohnivets, à saída de São Bento, em Lisboa.
A embaixadora reiterou que "todos os países membros da UE devem apoiar esta perspetiva e dar um sinal forte ao povo ucraniano" da sua adesão ao bloco europeu, particularmente o Governo português.
"Temos esperança de que o Governo português apoie a perspetiva europeia e, agora, vamos continuar o nosso diálogo. Percebemos que a UE precisa de compromissos, mas necessitamos de um sinal forte sobre a possibilidade de obter o estatuto de candidato para adesão", acrescentou, garantido que o país irá colocar em marcha reformas, entre as quais a luta contra a corrupção.
Inna Ohnivets relembrou, contudo, que "o povo ucraniano está a lutar pelos valores europeus". "A Europa vai perceber que o povo ucraniano, atualmente, está a defender não só o seu território, mas toda a Europa", complementou.
A diplomata adiantou também que foram discutidas "sanções especiais" contra cidadãos russos próximos de Putin, que tenham cidadania portuguesa, como é o caso de Roman Abramovich. Para si, o milionário poderá auxiliar Putin no conflito, nomeadamente com a aquisição de armamento.
Além disso, o primeiro-ministro e a embaixadora terão colocado em cima da mesa um possível aprofundamento das relações entre a Ucrânia e UE economicamente, assim como parcerias com a Moldávia e a Geórgia, nesta nova "onda da adesão".
Sobre a situação na Ucrânia, Inna Ohnivets afirma que a Rússia é um "país terrorista", que usa "mísseis de cruzeiro para eliminar o povo ucraniano".
"As tropas ucranianas venceram em muitos lugares, mas a situação está complicada. Noutras cidades, os russos continuam a atacar e a fornecer equipamento militar para capturar o território ucraniano", esclareceu, apelando, novamente, a um "sinal forte" por parte da UE.
"A ajuda da UE significa que vamos, no futuro, ter a possibilidade de obter estatuto como membro", rematou.
Recorde-se que a embaixadora ucraniana foi recebida pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa no dia 24 de fevereiro, realçando que, caso a Ucrânia seja ocupada pela Rússia, o próximo país a ser invadido poderá ser um membro da NATO. Apelou, por isso, ao apoio desta organização e da UE, e agradeceu a Marcelo e ao Governo português, que “expressaram a sua posição clara” face ao conflito.
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