"É preciso garantir que as mulheres que chegam da Ucrânia possam ser acolhidas com dignidade e condições de trabalho com dignidade, que é o que aqui estamos a dizer, é fundamental que as imigrantes, as portuguesas, as refugiadas, sejam acolhidas e possam viver em situação de igualdade, mas também de dignidade", disse Sandra Benfica durante a manifestação que percorreu a baixa de Lisboa, esta tarde, assinalar o Dia Internacional da Mulher.
"Pela paz, pelo pão, as mulheres cá estão", repetiu a ativista, salientando que "são precisas condições dignas para viver e criar os filhos e articular a vida das mulheres nas mais diferentes funções que têm na sociedade".
Questionada sobre se a discriminação ainda existe em Portugal, Sandra Benfica lamentou que sim.
"Existe muitíssimo, os relatórios divulgados durante este período de pandemia apontam para um agravamento das condições de precariedade, de baixos salários, de desigualdades, de redução do trabalho, enfim, as mulheres voltaram a ser o rosto da pobreza no nosso país, e muitas só sobrevivem com recurso a proteção social", afirmou.
À margem da marcha que juntou cerca de três mil pessoas nesta tarde chuvosa em Lisboa, o secretário-geral do PCP marcou presença para defender "o papel importante que as mulheres sempre tiveram na História, principalmente em tempos de conflitos e guerras como se verifica hoje".
Ainda há diferenças nos salários dos homens e das mulheres e "o direito a ter direitos continua a mostrar que existe um problema de clivagem na nossa sociedade, a igualdade é um objetivo mas ainda não é uma realidade", apontou.
Para as refugiadas ucranianas que chegam a Portugal, Jerónimo de Sousa disse que "deve haver grande solidariedade para com aquelas que hoje não têm condições para ficarem nas suas terras, deve haver todo o apoio, mas esse apoio deve ser dado a quem precisa e não a forças que alimentam a guerra, forças nazis, como é sabido, fascistas, o auxílio não pode ser para esses, tem de ser para as mulheres, os homens e o povo que está ali a sofrer estas consequências da guerra".
A Rússia lançou a 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 564 mortos e mais de 982 feridos entre a população civil e provocou a fuga de cerca de 4,5 milhões de pessoas, entre as quais 2,5 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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