Marcelo recorda Jorge Silva Melo, encenador "descobridor de talentos"
O Presidente da República prestou hoje "sentida homenagem" a Jorge Silva Melo, falecido na segunda-feira, considerando-o, além de "um dos encenadores mais emblemáticos e dinâmicos do teatro português", um "homem politicamente empenhado", "descobridor de talentos e congregador de vontades".
© Lusa
País Óbito/Jorge Silva Melo
"Jorge Silva Melo não era apenas um dos encenadores mais emblemáticos e dinâmicos do teatro português; foi, a par disso, ator, dramaturgo, cineasta, professor, crítico, cronista, memorialista, bem como um homem politicamente empenhado e um descobridor de talentos e congregador de vontades", lê-se numa mensagem publicada no sítio oficial da Presidência da República na internet.
Tradutor, dramaturgo, crítico de teatro e cineasta, Jorge Silva Melo morreu na noite de segunda-feira, aos 73 anos, no Hospital da Luz, em Lisboa, vítima de doença oncológica, como comunicou a companhia Artistas Unidos, que dirigia.
Marcelo Rebelo de Sousa salientou que Jorge Silva Melo deixou "em diversos registos, a crónica de duas gerações, a sua e a dos atores que tanto amava; um acervo de monografias filmadas sobre artistas portugueses; e um longo trabalho sobre o teatro contemporâneo, que encenou, traduziu e editou".
"Ninguém como ele escreveu sobre os atores portugueses ainda poucos conhecidos, ou sobre os atores portugueses de quem nos tínhamos esquecido, ninguém como ele lembrou tempos antigos que não eram saudosos, mas eram de ação e de esperança", assinalou.
"Passou toda a vida fiel a esse propósito, entre impaciências, comoções e desencantos. Presto-lhe a minha sentida homenagem", concluiu.
Nascido em Lisboa, a 07 de agosto de 1948, Silva Melo fundou e dirigiu, com Luís Miguel Cintra, o Teatro da Cornucópia (1973/79), e fundou em 1995 a companhia Artistas Unidos, de que era diretor artístico.
Estudou na London Film School, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, e estagiou em Berlim junto do encenador Peter Stein, e em Milão com Giorgio Strehler.
Foi autor das peças "Seis Rapazes Três Raparigas", "O Fim ou Tende Misericórdia de Nós", "Prometeu" e "O Navio dos Negros", entre outras.
No cinema, realizou longas-metragens como "Agosto, "Coitado do Jorge", "Ninguém Duas Vezes" e "António, Um Rapaz de Lisboa", além de documentários sobre arte e a vida de artistas plásticos, como Nikias Skapinakis, Fernando Lemos e Ângelo de Sousa.
Traduziu obras de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Oscar Wilde, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Lovecraft, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Heiner Müller e Harold Pinter.
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