A caravana Missão Ucrânia partiu de Lisboa rumo a Cracóvia, na Polónia, no domingo, com alimentos e medicamentos, regressando sábado à capital portuguesa com quase 400 refugiados da Ucrânia, país que a Rússia invadiu em 24 de fevereiro.
Em declarações à agência Lusa, Miguel Costa, que integra a caravana, contou que esta ação solidária partiu de uma conversa entre amigos no 'whatsapp' chocados com os acontecimentos na Ucrânia e depois foram-se juntando vários empresários e particulares que se mobilizaram para a concretização da missão.
"Esta missão tem várias fases. A primeira de chegada a Cracóvia correu bem com a integração das pessoas todas. Houve aqui um processo administrativo e de logística bastante complexo porque as listas dos refugiados eram dinâmicas e iam-se alterando quase de hora em hora e isso atrasou o processo. Demorámos muito tempo para fazer o 'check-in', uma vez que obedecia a uma série de critérios, nomeadamente verificação documental e 'check-up' médico e depois iam sendo integrados na caravana", contou.
Miguel Costa adiantou que foram deixadas em Cracóvia três a quatro toneladas de medicamentos e bens com capacidade para resistir algum tempo.
"Conseguimos trazer quase 400 refugiados, na sua maioria mulheres e crianças, mas também alguns idosos e jovens ucranianos que trabalhavam na Rússia e foram expulsos e conseguiram chegar até nós. Outros três refugiados chegarão de avião no fim de semana, pois já não tínhamos capacidade para mais", disse.
Miguel Costa contou que esta difícil missão envolve 70 voluntários, incluindo motoristas, médicos, enfermeiros e tradutores.
"Nós tivemos um apoio enorme da embaixada da Ucrânia, da comunidade ucraniana em Portugal. Ajudaram-nos a referenciar pessoas, muitos familiares em situação de fuga e criámos uma plataforma que acabou por gerar uma série de registos todos os dias", referiu.
A missão integra também cerca de 20 ucranianos que vivem em Portugal e que seguiram para ajudar na comunicação com as famílias, que têm receio do tráfico de pessoas.
"As pessoas chegam até nós com um misto de alívio, mas também de medo por causa do tráfico de pessoas. Têm receio, mas nós trouxemos uma comitiva de mais de 20 ucranianos a viver em Portugal que ajudaram a traduzir e a estabelecer a comunicação com as famílias e isso deu-lhes confiança e perceberam que a nossa intenção era boa", disse.
Miguel Costa disse ainda que a experiência está a ser "muito gratificante".
"Estamos muito felizes por conseguir concretizar o objetivo e com este número de pessoas superámos as nossas expectativas", disse.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já causou pelo menos 780 mortos e 1.252 feridos, incluindo algumas dezenas de crianças, e provocou a fuga de cerca de 5,2 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,1 milhões para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.
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