A deputada da Assembleia da República, Isabel Moreira, comentou, esta segunda-feira, na CNN Portugal, as queixas de assédio na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (FDUL), onde expressou que o número de queixas por assédio sexual é muito elevado para aquilo que imaginaria.
"O que mais me surpreendeu foi o número de queixas por assédio sexual", confessou a comentadora, refletindo sobre os meios que estão ao dispor de quem está "numa posição de superioridade", tais como o WhatsApp, Facebook e Instagram, que, segundo Isabel Moreira, "facilitam a posição do abusador".
"Fiquei chocada com o número de queixas em tão poucos dias", admitiu. Contudo, revelou que não ficou tão surpreendida com a questão do assédio moral porque considera "mais abrangente". A política sublinhou, no entanto, o "mecanismo de conforto e de denúncias" criado pela FDUL que, a seu ver, "deveria ser criado em todas as faculdades porque isto é um problema transversal e não específico da FDUL".
Segundo Isabel Moreira, "há uma cultura mais vasta que é propícia ao assédio moral, que é uma cultura de poder, de subserviência, de humilhação, de culto pela autoridade". A deputada frisou que a própria estética da FDUL é a "de não valorização do pensamento divergente, da não criação da cultura da liberdade individual, pelo contrário, a desvalorização e até, muitas vezes, esmagamento daqueles que pensam de forma diferente daquela que é uma cultura extremamente conservadora da Faculdade de Direito".
A ex-estudante e docente da FDUL pensa que esta geração "de pessoas que avançam e se queixam, nomeadamente raparigas, tem consciência da sua liberdade individual, da sua autonomia, daquilo que vale, daquilo que é enquanto pessoa, enquanto mulher, enquanto homem". Porém, admite que não foi na FDUL que "aprendeu isso" porque, nas suas palavras, a Faculdade de Direito de Lisboa "não é um espaço onde se ensine que somos isso tudo".
A deputada pelo PS defende que "as universidades têm que ser espaços de liberdade, de igualdade, de respeito, de tolerância e elas próprias têm que ser objetos de inquéritos e inspeções", sendo que, nestas situações, "não podem sair impunes".
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