João de Freitas Mendes, o professor de Filosofia da Faculdade de Direito (FDL) da Universidade de Lisboa acusado de assédio sexual esta semana, deixa de exercer naquela instituição, sendo "substituído pela professora regente da disciplina". A decisão terá sido tomada pelo docente que "entendeu que não tinha condições para continuar a exercer", afirma a instituição ao Notícias ao Minuto.
A FDUL revelou ainda que "a Direção abriu um processo de inquérito" para apurar os factos.
"O que sobre mim veio a público esta semana é totalmente falso", garantiu o professor João de Freitas Mendes ao Notícias ao Minuto.
De acordo com a CNN Portugal, o docente de Filosofia de Direito tentava contactar as alunas através das redes sociais, convidando-as depois para encontros. Quando deixavam de responder ou não anuíam nas suas investidas, o professor insultava as estudantes.
"As relações pessoais que tive e tenho com estudantes, entre eles alguns e algumas dos meus antigos - e nunca atuais - alunos, estão objetivamente enquadradas e direcionadas para vários projetos conjuntos, sejam grupos de discussão ou revistas universitárias", contrapõe o professor, garantindo que tal é "fácil de comprovar".
"Não aceito que denúncias anónimas possam servir para vinganças pessoais", disse ainda.
A denúncia anónima, feita à CNN, diz que o professor entrava nos grupos de conversas das turmas que lecionava e quando ganhava confiança, convidava-as para “beber café” ou “beber uma cerveja”.
O docente apontou ainda que continua "ao lado dos estudantes". "Porque sei que a luta contra o assédio é justa e necessária para termos instituições decentes em que cada pessoa possa exercer a sua liberdade sem medo de represálias ou tentativas de condicionamento - de que entretanto me tornei eu mesmo o alvo. Sem direito a contraditório. Sou, para além do mais, insuspeito de compactuar com o estado atual da universidade, tendo publicado textos e desenvolvido atividades abertas a todos sobre o assunto", afirmou.
Por fim, Freitas Mendes diz não desejar "provar uma perfeição geral" que não tem nem procura ter, "mas apenas esclarecer o que de falso se disse e extrapolou".
"Fi-lo porque não aceito ser usado como 'cortina de fumo' para práticas reiteradas, tradicionais e verdadeiramente inaceitáveis de pessoas que, ao contrário de mim, estão há muito tempo em posições de poder e têm defesas sistemáticas - familiares, económicas, ideológicas, factuais, e corporativas - onde eu não tive nenhuma, tirando esta que redigi e que agora vos dou a ler", escreveu ainda numa resposta ao Notícias ao Minuto.
João Freitas Mendes escreveu um artigo, publicado há cerca de duas semanas no site esquerda.net, no qual aborda diretamente as queixas feitas por alunos daquela instituição. No texto 'Antiguidade e lei da selva', João Freitas Mendes refere que “as denúncias de assédio [naquela faculdade] não surpreendem” e defende que “o abuso de poder é uma constante em instituições abertas, quanto mais em instituições fechadas”.
João Freitas Mendes cessou hoje as suas funções como professor naquela instituição e já terá informado os alunos da sua decisão.
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