O primeiro-ministro sublinhou, esta sexta-feira, a importância das energias para Portugal. António Costa falava durante a apresentação de um projeto para a produção de hidrogénio.
Em Sines, o chefe de Governo referiu, no dia em que se assinala o Dia Mundial da Terra, que Portugal é o país onde a produção de energia solar é mais barata. "Por isso, quando se pensa onde localizar essas indústrias, Portugal é o sítio certo", apontou, acrescentando que viver exclusivamente das energias renováveis era impossível, e que era preciso recorrer ao gás.
"Mas quando falamos em gases, não temos de falar só em gás natural", reiterou, aludindo ao hidrogénio verde, que é produzido a partir da energias solar e eólica. Explicando ainda que é possível substituir "aquilo que o gás natural produz" pelo hidrogénio verde, Costa especificou que "esta ideia" de produção iria concentrar-se na amónia verde, que é utilizada "sobretudo, nos fertilizantes".
"Esta ideia já era seguramente uma boa ideia, mas desde 24 de fevereiro, se alguém tivesse dúvidas, passou não só a ser uma boa ideia, como uma ideia urgente de passar à ação", disse, referindo-se à invasão das tropas russas na Ucrânia.
"Não há autonomia estratégica da Europa, se não houver segurança estratégica", sublinhou, explicando que para atingir este objetivo era preciso haver uma aposta na "própria energia de que depende". "Portugal já utiliza 60% das energia renováveis que consume", percentagem que, daqui a quatro anos, estará em 80%, segundo está previsto pelo Governo.
"É muito importante do ponto de vista ambiental", considerou, referindo também que do ponto de vista económico também seria "fundamental". "Significa que vamos importar muito menos energia [...]. Seremos mais autónomos", disse, explicando que a redução na importação levaria a um equilíbrio da balança externa.
Apesar deste passo em direção a um Portugal com maior independência energética de "outros fornecedores externos à União Europeia" - referindo-se à Rússia - o primeiro-ministro disse que Portugal tinha que ter a capacidade de diversificar a origem das fontes das energias importadas. "Quando dependemos em 40% de alguém, estamos em dependência", que poderá vir a desaparecer, segundo o primeiro-ministro.
"Sines tem essa capacidade [...]. Temos excelentes condições para ser porto de acolhimento, armazenamento ou transhipping de gás natural liquefeito, que pode vir das múltiplas rotas atlânticas" ou de outros pontos do mundo, como os Estados Unidos ou Nigéria.
Referindo-se à pipeline na Península Ibérica, que "há muito tempo está bloqueada", o chefe do Governo disse que Portugal e Espanha em conjunto "têm capacidade para suprir 30% daquilo que são as necessidades energéticas da Europa em gás natural". "Só não podemos utilizar esta capacidade porque não há interconexão que permita exportar esse gás natural, que temos capacidade de acolher e armazenar, para o resto da Europa", sublinhou.
"Hoje, ninguém pode ter dúvidas: é mesmo necessário apostar na transição energética", disse, referindo-se aos recentes acontecimentos na Ucrânia, que resultaram numa série de sanções contra a Rússia, o principal exportar de gás natural para a União Europeia.
Apresentação do projeto "MadoquaPower2X" https://t.co/F4yQHv9kkv
— República Portuguesa (@govpt) April 22, 2022
O projeto 'MadoquaPower2X', um projeto fruto da empresa portuguesa de gestão de projetos Madoqua Renewables, da empresa neerlandesa Power2X e da a gestora de fundos dinamarquesa Copenhagen Infrastructure Partners (CIP), tem previsto produzir em escala industrial hidrogénio e amónia verdes. O investimento é no valor de mil milhões de euros.
[Notícia atualizada às 12h01]
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