Os dois países estão "muito bem" em termos de relações políticas, garantiu Gomes Cravinho em declarações à Lusa, salientando que "há um excelente relacionamento entre os dois primeiros-ministros", mas há outros aspetos que é preciso desenvolver.
"No plano das relações culturais, económicas, científicas, educacionais e também em termos de mobilidade há possibilidades de fazer mais e melhor" e vontade mútua para o fazer, disse o ministro.
Há "um sentimento de ambição partilhada", assegurou Cravinho, depois de uma reunião com o seu homólogo indiano, Subrahmanyam Jaishankar, em Nova Deli, onde participou nos Diálogos Raisina, conferência anual indiana sobre geopolítica e geoeconomia que junta vários líderes mundiais.
A expectativa é que, "daqui por um ano ou dois, em todos esses domínios tenha havido avanços significativas", referiu o ministro português dos Negócios Estrangeiros em declarações à Lusa.
Para salientar a importância que dá à relação Portugal-Índia, lembrou que o primeiro país que visitou enquanto chefe da diplomacia foi Angola e o segundo foi agora a Índia.
Também na relação da União Europeia com a Índia, Portugal tem um papel significativo, já que o governo indiano "reconhece a Portugal um empenho especial (...) um trabalho muito próprio dentro das instituições europeias" no que toca a esse relacionamento, sublinhou Gomes Cravinho.
"Fizemos a diferença em momentos-chave", referiu o ministro português, recordando que foi na presidência portuguesa da UE, em 2000, que aconteceu a primeira cimeira UE-Índia e que, no ano passado, Portugal conseguiu a realização da primeira cimeira no formato completo, ou seja, não só com os líderes das instituições, mas com os líderes dos Estados-membros dos 27.
Para enfatizar a importância na política externa de Portugal, Gomes Cravinho referiu o crescimento demográfico, económico e noutros domínios da Índia, um país que "está a impor-se internacionalmente".
Essa posição no mundo é ainda maior, "uma posição nova e intensificada", depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, considerou o ministro.
Já antes, num debate em que participou com outros convidados, tinha realçado a importância da Índia como ator global confiável e o contributo que, conjuntamente com a União Europeia (UE), pode dar para uma nova governação no mundo.
Um dos efeitos da invasão da Ucrânia pelas forças russas é que "estimulou as necessidades da UE de pensar e atuar estrategicamente" e a Índia, defendeu, emerge como parceiro de confiança, o que é bom para a Índia e a UE, e para "o contributo que conjuntamente podem dar para uma governança internacional regulada e baseada num sentido comum de decência e previsibilidade em relação uns aos outros".
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