A Polícia Judiciária (PJ) confirma que levou a efeito uma operação policial "envolvendo a realização de buscas nas instalações da Linha Municipal de Apoio a Refugiados da Câmara Municipal de Setúbal, na Câmara Municipal de Setúbal e nas instalações da Associação dos Emigrantes de Leste (Edinstvo)", pode ler-se num comunicado.
A PJ revela ainda que se investigam a prática de "crimes de utilização de dados de forma incompatível com a finalidade da recolha, acesso indevido e desvio de dados, previstos na Lei de Proteção de Dados Pessoais".
Em causa estará a violação de dados pessoais por parte de funcionária da câmara de origem russa, Yulia Khashina - já afastada de funções - e pelo seu marido, Igor Khashin.
De acordo com o jornal Expresso, o cidadão russo Igor Khashin, membro da Associação dos Emigrantes de Leste (Edinstvo) e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e a mulher, Yulia Khashina, também da Edinstvo e funcionária do município, terão fotocopiado documentos e questionado os refugiados sobre o paradeiro de familiares na Ucrânia.
"No decurso das buscas foi apreendida para análise diversa documentação e foram efetuadas pesquisas informáticas sobre dados relacionados com os crimes em investigação", revela o comunicado.
O inquérito encontra-se em segredo de justiça, informa ainda a PJ.
Na terça-feira, os principais partidos da oposição no município, PS e PSD, prometeram levar hoje à Assembleia Municipal de Setúbal duas moções de censura ao executivo camarário.
A moção de censura do PSD pede a demissão do presidente da Câmara de Setúbal, André Martins (CDU), alegando que o autarca sabia das ligações dos elementos da Edinstvo ao governo russo e nunca o assumiu.
O PS também anunciou a intenção de apresentar uma moção de censura à gestão autárquica da CDU, não apenas pela receção aos refugiados, e de propor uma Comissão de Fiscalização da Conduta da autarquia sadina no acolhimento de refugiados ucranianos.
Leia Também: Setúbal? Governo garante apuramento "até às últimas consequências"