António Costa sustentou esta posição no final de uma longa conferência de imprensa com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zlensky, em Kyiv, depois de confrontado com posições de Estados-membros que dificultam o processo de rápida adesão da Ucrânia à União Europeia.
"Portugal nunca tem a posição do não. Portugal tem sempre a posição do vamos lá encontrar um ponto de entendimento entre os 27" Estados-membros, declarou o líder do executivo português, já depois de ter manifestado apoio a um caminho europeu para o embargo total da compra de petróleo e gás à Rússia.
Sobre as divergências em matéria de adesão da Ucrânia à União Europeia, o primeiro-ministro começou por assinalar que o Presidente Zelensky "conhece profundamente qual a realidade da União Europeia e sabe bem quais as dificuldades que a própria União Europeia tem dentro da sua casa".
"Quando pediu a adesão à União Europeia, o Presidente Zelensky não desconhece qual o estado da casa a que pediu adesão. Temos de trabalhar para ter uma atitude positiva, valorizando o que é essencial: O destino da Ucrânia é a Europa; a União Europeia tem conseguido superar as suas divisões e responder de forma unida; e temos de acarinhar a todo o custo essa união. O pior que a União Europeia poderia fazer à Ucrânia era dividir-se agora", reiterou o primeiro-ministro.
O primeiro-ministro observou depois que, "simbolicamente" chegou hoje à Ucrânia no dia em que este país assinala "o dia da Europa" e tocou em seguida numa das questões que tem dividido os 27 Estados-membros.
"Portugal tem procurado apoiar a Ucrânia das formas mais diversas, ajudando a criar condições para que todos os países da União Europeia possam manter-se unidos no apoio ao sexto pacote de sanções [à Rússia]" - um pacote que, a ser aprovado, traduzir-se-á num embargo às importações de produtos petrolíferos da Rússia.
Antes, nesta conferência de imprensa, Volodymyr Zelensky tinha considerado essencial esse passo por parte dos 27 Estados-membros. Costa concordou, mas falou sobre diferentes realidades entre Portugal e outros países da Europa central e de leste.
"Sabemos que muitos [Estados-membros] não têm o grau de independência de Portugal relativamente ao gás e petróleo da Rússia", apontou.
Depois, sem tocar diretamente nos projetos para o porto de Sines, especificou o caminho proposto por Portugal para libertar vários dos Estados-membros da dependência energética russa.
"Estamos a investir para criar condições para ajudar a criar condições logísticas de forma a que esses países encontrem outras fontes de fornecimento de gás, tendo em vista ultrapassarem as dificuldades que têm em determinar aquilo que é essencial: Um bloqueio total a todas as importações dos combustíveis provenientes da Rússia", assinalou.
Para António Costa, "essa é a forma mais eficaz de não continuar a financiar o esforço de guerra da Rússia".
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