No segundo dia de visita a Cabo Verde, o chefe da diplomacia portuguesa destacou, após uma reunião com os autarcas locais em Porto Novo, a "potencialidade agrícola" de Santo Antão, "diferente de outras ilhas" cabo-verdianas, mas também os impactos distintos ali provocados pela pandemia de covid-19, que condicionou o turismo no país, pela seca, que limita há mais de três anos a produção agrícola nacional, ou pelas consequências económicas da guerra na Ucrânia.
"Há diferenças na forma como Santo Antão é afetado por estas três dinâmicas negativas. E isso também tem um impacto sobre a forma como nós, no âmbito da cooperação portuguesa, olhamos para Santo Antão e podemos ajudar a ilha a superar as dificuldades desta conjuntura e a realizar o seu enorme potencial", afirmou João Gomes Cravinho.
Num dia dedicado à também conhecida como 'Ilha das Montanhas', o ministro visita vários projetos em curso localmente com o apoio da cooperação portuguesa, como o "Planalto Norte -- Água e Energia como bases para o desenvolvimento sustentável das comunidades", em Porto Novo, desenvolvido pela Associação de Defesa do Património de Mértola, tal como o "Raízes -- Redes Locais para o Turismo Sustentável e Inclusivo em Santo Antão ou o "Sistemas Agroflorestais -- Alternativa Inteligente para combater as alterações climáticas".
O governante português visita ainda a Associação Dragoeiro que, também com o apoio financeiro da cooperação portuguesa, já reabilitou dezenas de habitações no interior do município do Paul, entre outras atividades naquela ilha.
"Sobressaem os grandes desafios, mas também a grande potencialidade desta ilha. Os desafios são aqueles que são comuns a todo o arquipélago de Cabo Verde e também a muitos outros países, nomeadamente a questão da seca, a questão da pandemia, que afetou obviamente muito o turismo, e a questão, agora, do resultado do distúrbio para a economia nacional provocado pela invasão da Ucrânia pela Rússia", acrescentou Gomes Cravinho, naquela que é a primeira visita que realiza a Santo Antão, acompanhado pelo homólogo cabo-verdiano, Rui Figueiredo Soares.
Para o ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional de Cabo Verde, esta visita de três dias do chefe da diplomacia de Portugal a três ilhas do arquipélago (São Vicente na segunda-feira e Santiago, Praia, na quarta-feira), "constitui mais uma oportunidade de reafirmar a excelência das relações" entre os dois países e permitirá "fazer o ponto da situação" da cooperação bilateral e "reforçar esses laços".
João Gomes Cravinho visita Cabo Verde acompanhado pelo secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Francisco André.
A visita, que coincide com o Dia de África (25 de maio), visa dar continuidade aos compromissos firmados na VI Cimeira Bilateral, que decorreu em março na Praia, sob o lema "Parceiros Estratégicos na Recuperação Pós-Pandémica", segundo fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Nesse âmbito, o chefe da Diplomacia portuguesa terá encontros de cortesia no dia 25, na cidade da Praia, com o presidente da Assembleia Nacional, Austelino Correia, com o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, e com o Presidente da República, José Maria Neves.
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