O Movimento Animal de Elvas, que desde 2019 geria o canil municipal, na sequência um protocolo com o município, recorreu às redes sociais para anunciar o fim do acordo, e fala em maus-tratos aos animais no espaço.
Num comunicado divulgado nas redes sociais, a associação recorda que em 2019 assinou um protocolo com o município de Elvas devido “às queixas e denúncias existentes” no canil “por maus-tratos” e sublinha as mudanças no espaço desde que a gestão foi assumida pelo Movimento.
“Foi atribuído à associação um subsídio para gerir o canil de Elvas, para tratamentos dos animais, cuidados médicos veterinários, esterilizações, vacinas, microchip, medicamentos, alimentação. Desde Fevereiro de 2019 os animais começaram a comer todos os dias, a ter cuidados médicos, a serem esterilizados, a estarem todos os dias limpos e a terem uma simples manta e uma cama para dormirem”, lê-se na nota, na qual dizem que, até essa data, muitos animais “nem a luz do dia viam”.
A associação destaca ainda que fez 318 adoções e que esterilizou/castrou um total de 852 animais, nomeadamente através de campanhas 'Capturar-Esterilizar-Devolver' (CED) “subsidiadas pelo município ao qual este dinheiro foi reembolsado pelo estado”.
“De referir que sem a intervenção do movimento animal no que diz respeito às capturas, estudos de colônias assim como a sua sinalização e localização, nunca o município de Elvas faria uma campanha CED”, acusam.
O Movimento Animal de Elvas lembra ainda os custos associados aos cuidados médicos dos animais, custos que devem ser assumidos pelo município de acordo com a legislação.
“Essa legislação antes do Movimento Animal estar a gerir o canil, não era cumprida”, alegam ainda.
O Movimento diz que foi informado acerca do fim do protocolo no passado dia 26 de março e destaca o trabalho levado a cabo durante estes anos pelos membros da associação.
“Nunca tivemos feriados, dias de Natal ou fim de Ano (...) Muitos resgates à chuva, ao frio de madrugada. Muitas ninhadas alimentadas a biberão, muitas horas sem descansar. Mas nunca viramos costas”, escreveram.
O Movimento diz que foi feita uma proposta de emprego “em prestação de serviços a um dos membros da associação, “apenas” para higienização do espaço e para alimentação dos animais e que os restantes membros “estão proibidos” de entrar no canil.
“Tudo o resto vai ficar da responsabilidade do município e do veterinário municipal”, dizem, referindo que não estão no espaço desde dia 1 de junho, e indicando que tudo o que acontecer não será da responsabilidade do Movimento.
“Tudo o que eventualmente possa acontecer não vai ser da nossa responsabilidade nem compactuamos com qualquer tipo de maus-tratos a animais. Tudo passou para responsabilidade novamente do veterinário municipal. Esta foi a decisão tomada pelo executivo camarário atual”, completam, divulgado ainda imagens do estado atual do canil.
Veterinário rejeita acusações
Em declarações à SIC Notícias, o veterinário municipal Nuno Caldeira Fernandes rejeitou as acusações de maus-tratos aos animais e garante que são prestados todos os cuidados médicos necessários.
“Faço o atendimento dos primeiros socorros, isto é, para neutralizar a dor e para neutralizar alguma situação de hemorragia grave (…) e depois a Câmara Municipal tem um protocolo já falado, ainda não está assinado, com o curso superior de enfermagem da Escola Superior Agrária e aí serão dados os cuidados suplementares”, disse.
Já o presidente da Câmara de Elvas, José Rondão Almeida, garante que os animais são tratados, papel que cabe ao veterinário municipal. "Estamos preocupados com os animais, que eles sejam tratados como deve ser, para o efeito tenho o veterinário e ele vai cumprir na integra aquilo que são as suas obrigações”, afirmou.
A estação televisiva destaca que Nuno Fernandes já tinha sido condenado pela Ordem dos Médicos Veterinários por más práticas referentes a 2017. O veterinário pediu recurso.
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