Observatório defende autonomia para enfermeiros de saúde materna
O Observatório de Violência Obstétrica (OVO) lamentou hoje a "total dependência" dos hospitais dos médicos especialistas, defendendo que deveria ser dada mais autonomia aos enfermeiros de saúde materna e obstetrícia no acompanhamento das grávidas.
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País Enfermeiros
"Os serviços são organizados com total dependência de médicos especialistas, ao invés de ser dada autonomia aos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstetrícia (EESMO), o que resulta num total colapso do sistema de apoio às mulheres grávidas em todas as fases do seu acompanhamento", adiantou o observatório em comunicado.
Depois de manifestar a sua "profunda preocupação" pela falta de especialistas em serviços de urgência e maternidades, o OVO salientou que o atual sistema de organização leva a que "qualquer necessidade não urgente fique à mercê de longas filas de espera, reduzindo, muitas vezes, a qualidade do serviço prestado".
"Pensar a multidisciplinaridade dentro do Serviço Nacional de Saúde (SNS), permitido, por exemplo, aos EESMO atuar na plenitude das suas competências, assumindo funções de vigilância da gravidez e assistência ao parto de baixo risco, iria melhorar substancialmente os cuidados prestados e, simultaneamente, retirar a atual pressão sobre a classe médica", adiantou.
De acordo com o observatório, é urgente reter médicos especialistas no SNS, mas também reter os EESMO, "repensando o modelo do atual sistema, para um modelo que vá ao encontro das necessidades das mulheres".
"O OVO exorta o Ministério da Saúde e os conselhos de administração de todos os hospitais a repensarem o modelo de gestão de profissionais de saúde na área de obstetrícia/ginecologia e a envidar esforços no sentido de não existir um encapotamento à informação na área da Saúde Materna de Portugal, evitando levantar hipóteses sobre as causas dos acontecimentos graves, sem que exista uma investigação real e profunda da mesma", refere ainda o comunicado.
Na segunda-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou que vai ser posto em prática "um plano de contingência" entre junho e setembro para procurar resolver a falta de médicos nas urgências hospitalares do país.
Marta Temido falava após um dia de reuniões com diretores clínicos de vários hospitais da região de Lisboa, e depois com sindicatos e a Ordem dos Médicos sobre a "instabilidade do funcionamento" destes serviços.
A falta de médicos em vários hospitais do país tem levado nos últimos dias ao encerramento de urgências de obstetrícia, ou a pedidos aos centros de orientação de doentes urgentes (CODU) de reencaminhamento de utentes para outros hospitais.
Nas declarações aos jornalistas, a ministra da Saúde falou ainda na abertura de contratações de especialistas, nomeadamente com a abertura de um concurso, além do "apoio a quem está no terreno e às lideranças" dos hospitais.
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