Setúbal. Morte de Jéssica é mais um caso "doloroso", diz Marcelo
Marcelo Rebelo de Sousa diz que “muitas vezes falamos na miséria económica”, vincado que essa faz-se acompanhar muitas vezes da “miséria moral, que também merece uma reflexão”.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhou não querer falar de nenhum caso concreto - quando questionado sobre o caso de Jéssica, a menina morta em Setúbal- mas lembrou que “muitas vezes falamos na miséria económica”, vincado que essa faz-se acompanhar muitas vezes da “miséria moral, que também merece uma reflexão”.
“Não queria referir-me a casos concretos e dolorosos, muito dolorosos. É uma preocupação de todos os portugueses há muito tempo, o cuidado das crianças, a proteção, o acompanhamento daquelas que estão mais frágeis, mais dependentes, e portanto mais suscetíveis de serem exploradas”, vincou Marcelo.
O Chefe de Estado defendeu a necessidade de se pegar nos casos mais mediáticos e chocantes para os analisar e tirar ilações para combater situações futuras.
“O que todos esperamos nestes casos é que se pegue nos que surgem, os que são conhecidos e não sabemos se há muitos mais, (…) e retiremos as lições quanto aquilo que por um lado deve haver de acompanhamento dos mais frágeis por instituições, por outro lado o que há de valores. (…) Muitas vezes falamos na miséria económica e financeira, depois há uma miséria moral (…) e ela só por isso também merece uma reflexão”.
Também a ministra Mariana Vieira da Silva, na conferência de imprensa no final do Conselho de Ministros desta quinta-feira, abordou o tema.
“Obviamente, aquilo que aconteceu é algo que choca todos, qualquer um de nós, e depois o caso em concreto tem um local próprio para ser investigado e para procurarmos sempre as falhas, as falhas no sistema e não relativas ao caso concreto para que possam ser corrigidas”, disse.
Recorde-se que, depois de informar acerca das detenções da alegada ama e de mais duas pessoas (o marido e a filha da suspeita), a Polícia Judiciária (PJ) confirmou a existência de uma dívida, que levou os suspeitos a raptar a criança. Os três estão indiciados por rapto, extorsão, ofensas à integridade física e homicídio qualificado.
Em declarações à agência Lusa, o coordenador da Polícia Judiciária (PJ) de Setúbal, João Bugia, disse que a mãe da menina foi "ardilosamente enganada" e levada a entregar a filha por conta de uma dívida de 400 euros que tinha para com a suspeita.
"A mulher agora detida convenceu a mãe a levar a criança a sua casa com o pretexto de que a menina poderia ficar a brincar com a neta, da mesma idade, enquanto conversavam sobre a dívida", referiu o coordenador, indicando que não foi depois permitido à mãe levar a criança de volta para casa.
Nos cinco dias em que a criança permaneceu na casa dos detidos, terá sofrido maus-tratos severos.
A morte da menina ocorreu na segunda-feira, depois de a mãe ter ido buscá-la a casa da suspeita, identificada pela progenitora às autoridades como ama da criança. A criança foi assistida na casa da mãe e transportada ao Hospital de São Bernardo, onde foi sujeita a manobras de reanimação, mas não sobreviveu aos ferimentos.
[Notícia atualizada às 17h02]
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