O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse, esta quinta-feira, que não vai responder à Comissão Parlamentar de Inquérito no âmbito do caso das gémeas.
"Está tomada a decisão: não me pronuncio, por falta de matéria sobre a qual me pronunciar", declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, na Culturgest, em Lisboa, explicando: "Fiz a minha ponderação e, perante o facto de não haver novos dados de facto que respeitem a qualquer intervenção do Presidente da República, entendi que não há matéria sobre a qual me pronunciar".
O chefe de Estado referiu que esperou "este tempo todo, um ano e meio, que surgissem novos factos, que eventualmente tivessem a ver com a intervenção do Presidente da República" e terminados os testemunhos na CPI "não apareceu, até agora, nenhum facto".
Note-se que o chefe de Estado já tinha dito esta semana que a decisão estava tomada e que a iria revelar "oportunamente".
"Se houver nova matéria de facto, ponderarei se sim ou não me devo pronunciar", salientou.
Esta quinta-feira, a CPI pediu ao presidente da Assembleia da República que contactasse novamente o Presidente da República e lhe pedisse para dizer se se iria pronunciar até 7 de fevereiro. Questionado pelos jornalistas, Marcelo rejeitou que esta situação fosse um ultimato, e justificou que "tencionava hoje comunicar a decisão".
"Não ia misturar isso com um Conselho de Estado em que tinha como convidado Mario Draghi", justificou.
Em relação a possíveis críticas que possam surgir na sequência da sua decisão, Marcelo foi assertivo: "A política é feita disso. Quem não está preparado para ouvir críticas não está preparado para intervir politicamente".
Após o anúncio da CPI, a Segurança Interna (e um novo secretário de Estado)
Sublinhando que também não quis misturar os temas, Marcelo Rebelo de Sousa falou ainda sobre o relatório de Segurança Interna. "Soube hoje que vai ser entregue na Assembleia da República no final de março, com dados definitivos que são importantes", atirou, dizendo que iria esperar até esta altura para examinar e ponderar qual será a melhorar data para o próximo Conselho de Estado.
Sobre a saída do Governo de Hêrnani Dias, após a polémica com dois casos suspeitos, Marcelo explicou que o primeiro-ministro estará fora do país na segunda-feira e ele próprio estará ausente entre terça e quinta e que, portanto, a indicação do sucessor deverá surgir na próxima semana. "Espero receber a proposta do primeiro-ministro até ao final da semana que vem, portanto, sexta-feira", detalhou.
Confrontado sobre se a saída foi o melhor caminho, Marcelo não comentou.
E quanto ao seu sucessor?
Quanto a sucessões no Palácio de Belém, Marcelo foi também questionado sobre a mais recente sondagem, feita pela SIC/Expresso, que dá conta de que o almirante Henrique Gouveia e Melo é o favorito da maioria dos eleitores portugueses para vencer as eleições presidenciais de 2026, e André Ventura surge em 2º lugar.
"A mim parece-me que tudo o que os portugueses escolherem está bem escolhido", considerou, dizendo que o Presidente tinha um voto e que os portugueses têm milhões.
"As sondagens são o que são", afirmou, lembrando que como chefe de Estado não se deve pronunciar sobre o assunto.
[Notícia atualizada às 20h56]
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